Cana
Nome científico: Arundo donax L.
Nome comum: Cana, canavieira, cana-comum, cana-vieira
Família: Poaceae (Gramineae)
Tipo de origem: Exótica
Origem: Parte oriental da Europa, Ásia temperada e tropical
Espécie invasora (anexo II do Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).
Descrição da espécie:
A Arundo donax é uma erva perene robusta, de grandes dimensões, com colmos (caules) até 6 m de altura por 1 a 3,5 cm de diâmetro, simples ou pouco ramificados, com os nós envolvidos pelas bainhas das folhas.
Folhas perenes, cor verde-pálido a verde-azulado, com 3 a 8 cm de largura, lanceolado-lineares, de margens cortantes, com aurículas na base e longamente atenuadas em ponta fina.
Flores reunidas em panículas com 30 a 90 cm, oblongas, densas e ± contraídas, geralmente compedúnculo curto e ráquila glabra, cor violácea. Floração de agosto a outubro.
Os frutos são cariopses oblongas, que não produzem sementes viáveis fora da área de distribuição nativa.
Características que facilitam a invasão:
Reproduz-se unicamente por via vegetativa, por rizomas, apresentando taxas de crescimento muito elevadas. Os rizomas regeneram muito vigorosamente após corte renovando e até agravando os problemas de invasão. Os fragmentos dos rizomas são transportados nos cursos de água e originam novos pontos de invasão, a grandes distâncias, quando ficam retidos nas margens.
Os ramos mortos são inflamáveis e a planta regenera após o fogo.
Ambientes preferenciais de invasão
Na proximidade de linhas de água, diques, zonas húmidas, pauis e zonas pantanosas costeiras. É também muito frequente na margem de vias de comunicação e terrenos agrícolas abandonados.
Razão de introdução
Provavelmente pelo interesse dos colmos, nomeadamente para utilização na agricultura (usados como tutores em culturas, exemplo, o feijão, tomate), em sebes e para segurança de taludes.
Impactes nos ecossistemas
Forma clones que ocupam áreas extensas, impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa (nomeadamente vegetação de zonas ribeirinhas), excluindo a fauna associada e interferindo com o fluxo de água.
Em ilhas/arribas impede a nidificação de algumas aves com impactes graves nessas espécies.
As canas são muito inflamáveis, mesmo quando verdes, o que acentua a probabilidade de ocorrência de incêndios e os danos por ele causados.
Metodologias controlo:
Controlo físico
- Arranque manual, metodologia preferencial para plantas jovens (com rizomas de dimensões reduzidas), até cerca 2 m de altura. Em substratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção dos rizomas. Tanto quanto possível deve garantir-se que não ficam rizomas e/ou fragmentos dos rizomas de maiores dimensões no solo pois estes regeneram muito vigorosamente diminuindo a eficácia da metodologia.
- Corte e posterior remoção dos rizomas, em plantas com rizomas muito extensos. Pode ser realizado com equipamentos manuais e/ou mecânicos. Deve garantir-se que não ficam rizomas de maiores dimensões no solo. Os rizomas removidos devem ser retirados do local para posterior queima. Os caules devem ser posteriormente destroçados.
- Corte repetido: Os rizomas promovem a regeneração vegetativa vigorosa depois do corte. No entanto, cortes repetidos sem deixar que os rebentos cresçam muito (até 50 a 100 cm) acabam por esgotar os rizomas e diminuir o vigor dos rebentos.
Controlo químico
- Aplicação foliar de herbicida em rebentos jovens, até 1 metro de altura com recurso a pulverizadores. Pulverizar com herbicida (princípio ativo: glifosato) limitando a sua aplicação à espécie-alvo. Deve realizar-se após a época de floração.
- Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).
Controlo físico + químico
- Corte combinado com aplicação de herbicida em plantas de maiores dimensões. Corte dos caules tão rente ao solo quanto possível e aplicação imediata (impreterivelmente nos segundos que se seguem) de herbicida (princípio ativo: glifosato) na zona de corte. Vários trabalhos referem que os rebentos são mais sensíveis ao herbicida pelo que, alternativamente, a aplicação de herbicida pode ser realizada quando os rebentos atingirem cerca de 1 metro de altura.
Saiba mais:
Informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta dos métodos de controlo
Mapeamento de invasoras: BioDiversity4All