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A Nossa Gente
Falar da Nossa Gente é trazer à memória algumas figuras relevantes da nossa Terra.
Naturais do Município de Ílhavo, ou embora não o sendo, assumiram este como seu, destacaram-se ou destacam-se, deixando o seu legado em diferentes áreas. Mesmo correndo o risco de não serem todas citadas, deixamos aqui uma lista dos vultos que mais exerceram influência na sociedade ilhavense.
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Alberto Ferreira Pinto Basto
Embora não tivesse nascido no nosso concelho, devemos ter Alberto Ferreira Pinto Bastos em consideração, pois foi, no seu tempo, antes da Implantação da República, um dos homens que mais influência teve em Ílhavo, dedicando-se com verdadeira paixão aos interesses da terra.
Nascido em Coimbra em 1861, filho de Alberto Ferreira Pinto Basto e de Isabel Ferreira Pinto Basto, foi um grande influente político no tempo da Monarquia. Ligado à família Pinto Bastos, descendente do Fundador da Fábrica da Vista Alegre, viveu parte da sua vida na Ermida.
Foi Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo nos anos 1883, 1888, 1898, 1903, 1908 e 1910, assistindo com desgosto à extinção do Concelho, em 1895.
Um fato digno de nota, que merece registo, é que, após a extinção do Concelho de Ílhavo, o arquivo de documentos tiveram que ser enviados para Aveiro, mas, em segredo, Alberto F. Pinto Basto levou para sua casa a Bandeira do Batalhão da Guarda Nacional de Ílhavo que em 1838 tomou parte nas lutas constitucionais. Quis, assim, salvar aquele símbolo do nosso heroísmo e do nosso amor à liberdade.
Restaurado o Concelho em 1898, em que muito trabalhou para a sua independência, concorrendo imenso para que o Conselheiro José Luciano de Castro, então à frente do governo, favorecesse os desejos dos Ilhavenses, fez transportar com todas as honras para o edifício da Câmara a bandeira que tinha, bem ocultada, na sua posse.
Mais uma vez nomeado Presidente da Câmara conforme despacho de janeiro publicado no Diário do Governo, tomando posse da Comissão de Presidência, cujos vogais eram Augusto de Oliveira Pinto, Henrique Cardoso Figueira, Carlos Celestino Gomes, Augusto do Carmo Cardoso Figueira, sendo delegado do Governador Civil o Dr. Manuel Mário da Rocha Madail.
Proclamada a República, alheou-se da política, fixando a sua residência em Ançã, conservando, todavia, a lealdade às ideias que professava.
Morreu em Ílhavo em 28 de setembro de 1929, tendo o seu corpo sido transportado para o nosso cemitério, sendo, mais tarde, transladado para Ançã.
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Aldo Lima
Natural da Gafanha do Carmo, Município de Ílhavo, Aldo Lima é um dos pioneiros do stand-up em Portugal. No início da década, antes da sua cara se tornar conhecida através de três campanhas de uma operadora de comunicações móveis, já tentava explicar a gerentes de espaços noturnos que lhe era possível subir ao palco sozinho e, sem contar anedotas, divertir qualquer plateia.
Esta tarefa ingrata ficou facilitada com o aparecimento do programa da SIC "Levanta-te e Ri", tendo a sua primeira atuação "Tourada à Portuguesa", plena de momentos inesquecíveis, marcado o programa e lançado, instantaneamente, a sua carreira de humorista. Seguiram-se outras rábulas: o futebol, o rapar do cabelo, o Neo (do filme Matrix) cabeleireiro, o terrorismo, entre outras. A abertura do espetáculo "The Puppetry of the Penis", realizado no Teatro Tivoli, ficou a seu cargo, tendo igualmente sido convidado especial do "Homem que Mordeu o Cão - Ao Vivo".
Em 2003, recebeu o Prémio de Comediante do Ano atribuído pela Aveiro FM, marcando igualmente presença no "Festival Internacional do Riso", na "Gala Viva o Euro 2004" e no "All-Football". Convidado pelos finalistas de Cinema da Universidade Moderna, Aldo Lima protagonizou a curta-metragem "Que Horas São?", vencedora de vários prémios. Foi convidado do programa especial de Fim de Ano de Herman José e, em parceria com Eduardo Madeira, escreveu a mini-peça "Kilo & Meio", que interpretou com António Feio, tendo-lhe sido atribuído, mais tarde, o prémio "Humorista do Ano 2004", pela Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), em Évora.
Em 2006, foi coautor (com João Quadros) da série de televisão da RTP "Palavras Para Quê", que também protagonizou e, em dezembro do mesmo ano, teve direito a um especial stand-up intitulado "Aldo Lima - Pior Que Estragado".
Cáustico e inteligente, possuidor de uma expressão corporal única, Aldo Lima participou na edição de 2003 da Semana Jovem, regressando novamente em setembro de 2008 ao Centro Cultural de Ílhavo, e mais recentemente, em 2010, com o "Clube de comédia" que voltou a proporcionar, com a sua boa disposição e humorismo, mais um excelente espetáculo juntamente com Bruno Nogueira, Eduardo Madeira, Francisco Menezes, Nilton e Óscar Branco.
Julho 2008
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Alexandre da Conceição
Alexandre da Conceição nasceu em Ílhavo em 1842, sendo filho bastardo do médico cirurgião Bernardino Simões da Conceição, natural de Balazaima-do-Chão, em Águeda.
Com apenas 22 anos, este ilustre Ilhavense já cursava a Academia politécnica do Porto, onde obteria, com elevada classificação, o seu diploma de engenheiro civil. Cedo se dedicou às letras, pois, já na mocidade, pertencia ao grupo brilhante de poetas da "Grinalda", convivendo com grandes vultos da literatura portuguesa, nomeadamente Guilherme Braga, Ernesto Pinto de Almeida, Manuel Duarte de Almeida e Pedro Lima, todos de uma notável geração de escritores portugueses.
Esta personalidade ímpar e multifacetada, além de desempenhar, com distinção, a sua profissão, foi ainda poeta de muito merecimento, primeiro da escola romântica e depois revolucionária, tendo sido fundador da literária revista "A Revolução", colaborador assíduo da revolução "O Século" e crítico literário de várias obras que, nesse tempo tão recuado, vieram a lume da ribalta literária no nosso país.
Autor de duas principais obras de poesia "Alvoradas" e "As Outonais", o poeta teve os maiores elogios dos literatos, entre eles, os de Cândido de Figueiredo e Camilo Castelo Branco.
Alexandre da Conceição faleceu na cidade de Viseu, em 1889, com apenas 47 anos, tendo o grau hierárquico de diretor de obras públicas.
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Alfredo Ferreira da Silva
Natural da Macinhata do Vouga, Concelho de Águeda, Alfredo Ferreira da Silva nasceu a 1 de janeiro de 1932.
Após a conclusão da 4ª classe, foi trabalhar no estabelecimento comercial de um irmão, em Aveiro, e aí permaneceu até ser chamado ao serviço militar, tendo posteriormente passado por diversas empresas ligadas ao ramo do comércio, deixando sempre marca positiva da sua passagem.
Com cerca de 30 anos, foi viver para a Freguesia da Gafanha da Nazaré, onde desde logo demonstrou ser um Cidadão solidário e ativo na construção e na promoção do Município de Ílhavo, tendo, em 1977, integrado o Executivo Municipal, do mandato de 3 anos presidido pelo Eng. São Marcos Simões, naquelas que foram as primeiras eleições democráticas.
Em 1983, voltou à Câmara Municipal de Ílhavo como Vereador, primeiro no mandato do Inspetor José Francisco Corujo, acumulando igualmente funções como dirigente da Cooperativa Elétrica da Gafanha da Nazaré e, três anos mais tarde, no mandato do Eng. Rocha Galante, como Vice-Presidente, por mais quatro anos.
Sempre envolvido nas questões culturais, sociais e religiosas da Gafanha da Nazaré, Alfredo Ferreira da Silva foi durante muitos anos responsável pela Catequese, organizando as festas de encerramento do ano catequético.
A ausência de um grupo de folclore da terra nessas festividades fez surgir a ideia da necessidade de formar um grupo folclórico, tendo Alfredo Ferreira da Silva sido o mentor e um dos fundadores do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (1983). Sob a sua direção, o Grupo que conta atualmente com cerca de 50 elementos, tem como principal objetivo a defesa dos usos e costumes dos nossos antepassados, dedicando-se à pesquisa e arquivamento de tudo o que está relacionado com o folclore, tais como danças, cantares e trajes. Neste seguimento também a recuperação e transformação da típica Casa Gafanha em Museu teve origem nesta Associação e veio a concretizar-se pela Câmara Municipal de Ílhavo, a 11 de novembro de 2000, data da sua inauguração.
Foi pelo trabalho notável que tem desenvolvido ao nível da preservação e da promoção dos valores da história e da cultura do Município de Ílhavo, muito em especial no que respeita à gestão do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, que a Câmara Municipal de Ílhavo agraciou Alfredo Ferreira da Silva com a Medalha de Mérito Cultural em Prata, no âmbito das Comemorações do Feriado Municipal de 2007.
Setembro 2008
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Américo Teles
Américo Simões Teles nasceu a 19 de setembro de 1893, sendo o 11º filho do casal Manuel Simões Teles e Maria Gonçalves de Jesus.
Frequentou a "Escola Secundária dos CTT", sendo colocado após o término do curso, nos CTT de Aveiro, onde conheceu aquela que viria a ser a sua companheira de vida. Mais tarde foi transferido para o Porto, onde desempenhou as funções de Chefe de Secretaria dos Correios. Foi, certamente, este afastamento da sua terra, assim como as saudades, que mais força lhe deram para a realização de um sonho seu: um museu regional de Ílhavo.
Este sonho nasceu-lhe após a "Exposição Temporária de Arte e Industrias Locais", realizada em Ílhavo, em 1932. Américo Teles considerava fundamental a criação de um museu como forma de preservar a cultura Ilhavense e também dar a conhecer a sua história. Convocou então uma reunião para constituir a Comissão organizadora do Museu de Ílhavo, reunião à qual comparecerem figuras como Dinis Gomes e Guilhermino Ramalheira, entre outros. Foi uma ideia bastante aplaudida, ainda que com bastante desconfiança e ceticismo por muitos dos presentes.
Contudo, Américo Teles não desanimou e lutou sozinho para a concretização dessa ideia. Com perseverança e bastante força de vontade, foi conseguido o apoio de pessoas amigas. Foi assim que viu o seu sonho " nascer", a 8 de agosto de 1937, na Rua de Serpa Pinto.
Sendo o grande responsável pelo presente na abertura do Museu, nunca mais deixou de pesquisar pelo país em busca de materiais para o Museu, assim como de obras para a biblioteca do mesmo. Foi com grande vontade que o fez, só parando aquando da sua morte, a 6 de julho de 1989. Contava então com 95 anos de idade, e é por todos recordado, não só pelo Museu, mas também pela sua pureza de caráter, vontade, humildade e paciência.
Agosto 2012
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Ana Costa
Nascida a 4 de outubro de 1984, em Vale de Ílhavo, Ana Costa é a padeira mais jovem de Vale de Ílhavo, concluiu o 1.º Ciclo do Ensino Básico na Escola Primária de Vale de Ílhavo, passando posteriormente pela Escola Preparatória de Ílhavo (2.º Ciclo), pela Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes e pelo Colégio de Albergaria, onde concluiu o Ensino Secundário, em 2003. Prosseguiu os seus estudos, ingressando, em 2004, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, Pólo da Universidade de Aveiro, onde concluiu o Bacharelato em Estudos Superiores de Comércio, em setembro de 2008.
Descendente de uma família de padeiros, Ana Costa desde sempre lidou com esta atividade ajudando os pais na feitura e na venda dos famosos e saborosos folares e padas de Vale de Ílhavo. Com o falecimento da mãe, Ana Costa assumiu o negócio da família, empenhada em contribuir para o sucesso desta arte, estando mais ligada à distribuição diária, que acontece a partir das 7 horas da manhã e que se prolonga até perto das 14 horas.
Nos fins de semana, em que há mais procura, esta jovem padeira inicia o dia ainda mais cedo para ajudar o pai na produção das padinhas e dos folares desde a primeira fornada. A Páscoa e o Natal são, sem dúvida, as alturas de maior azáfama, sendo também muito procuradas a Broa e a Broa de Abóbora, cuja feitura esconde segredos que vão passando de geração em geração e que fazem a delícia de quem as procura.
A Câmara Municipal de Ílhavo realiza em agosto, a Rota das Padeiras, numa homenagem a este grupo restrito das nossas padeiras tradicionais de Vale de Ílhavo que, com segredo, sabedoria e valor, trabalham afincadamente para a preservação de um tão suculento testemunho do nosso rico património cultural.
Agosto 2011
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Ana Maria Lopes
Nascida a 8 de dezembro de 1943, acidentalmente na cidade do Porto, Ana Maria Simões da Silva Lopes descende de família Ilhavense ligada às atividades do Mar. Seu Avô ainda foi à Groenlândia, só à vela, no lugre com motor "Novos Mares".
Licenciada em Filologia Românica na Faculdade de Letras de Coimbra, com a classificação de 17 valores, cedo manifestou interesse pelo estudo das atividades marítimas, apresentando um currículo invejável na matéria. Apresentou a dissertação "O Vocabulário Marítimo Português e o Problema dos Mediterraneísmos" que, em 1975, foi publicada pelo Instituto de Estudos Românicos e editada em separata da Revista Portuguesa de Filologia.
Lecionou durante vários anos no Ensino Secundário e Preparatório tendo sido assistente no I.S.C.A.A. e na Universidade de Aveiro, coordenando a disciplina de Estrutura da Língua Portuguesa. Lecionou igualmente em vários cursos de férias para estrangeiros na Universidade de Aveiro e na Universidade de Coimbra. Em 1973 representou esta Universidade no V Congresso Internacional de Estudos Linguísticos Mediterrânicos, em Málaga. Nos anos 80 orientou estágios pedagógicos.
Entre os anos 72 e 90, colaborou na Revista Portuguesa de Filologia, através da publicação de várias recensões críticas. Paralelamente à atividade docente, e sempre numa perspetiva etnográficolinguística, tem realizado pesquisas no campo das atividades da Ria de Aveiro e do Mar.
A convite do Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, exerceu o cargo de Diretora do Museu Marítimo de Ílhavo de novembro de 1990 até agosto de 1999, sendo autora dos Catálogos das Exposições "Retrospetiva João Carlos", "Dos dóris, despojos dos homens e do mar" e das folhas de Sala "Faina Maior" e "A Nossa Ria".
Publicou, com Francisco Marques, o livro "Faina Maior - A Pesca do Bacalhau nos Mares da Ter r a Nova" e, com a colaboração fotográfica de Paulo Godinho Marques, "Moliceiros - A Memória da Ria", entre outros. Colaborou ativamente na remodelação da Sala da Ria do Museu Marítimo de Ílhavo, que foi inaugurada a 21 de outubro de 2003, tendo um ano mais tarde elaborado a maioria dos textos do Catálogo da referida Sala.
Ana Maria Lopes dedica grande parte do seu tempo ao aperfeiçoamento dos seus conhecimentos de informática, à Associação dos Amigos do Museu e à coadministração de uma empresa de pesca, na família desde o tempo de seu avô.
A reedição da sua tese em maio de 2006 reativa-lhe o gosto pelas pesquisas etnográficolinguísticas no litoral nacional.
Não descura a sua faceta de avó, sendo atualmente e nesta viagem da vida a sua principal amarra.
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André Miguel Capote Sacramento
André Capote é um jovem artista plástico e professor de Arte e Design. Nascido a 17 de dezembro de 1977, no antigo Hospital de Ílhavo, André Capote desde muito cedo revelou uma forte sensibilidade para as artes plásticas.
Em criança foi bastante influenciado pelo mundo da pintura e escultura devido ao facto de o seu pai, José Sacramento, possuir uma galeria de arte (Galeria Grade), proporcionando assim a convivência com alguns mestres como Michael Barrett, Jaime Isidoro, Mário Silva, Artur Bual, entre outros.
O contacto privilegiado com o mundo dos artistas onde predominam cores, forma, estilos, tertúlias e tantas outras subjetividades filosóficas marcaram profundamente a alma artística e rebelde de Capote. A estadia desses artistas por alguns meses em Ílhavo, a preparar as suas exposições, cativavam André Capote a acompanhar as suas "aventuras" na criação artística. Assim, começou a desenhar e a pintar com 4 anos e, com apenas 8 anos de idade, já criava interessantes composições.
Concluídos os estudos secundários em Arte e Design, na Escola João Carlos Celestino Gomes, André Capote rumou a Coimbra para ingressar no curso de Belas Artes na Escola Universitária de Artes de Coimbra (E.U.A.C.). Neste percurso académico levou a efeito diversas atividades artísticas: realizou a sua primeira Exposição Coletiva em 1994 e Individual em 2001, fundou a Associação "A.E.I." Associação de Expressão de Ílhavo, foi baterista na banda rock Ilhavense "Natum Dei", participou e dinamizou diversas tertúlias entre Ílhavo e Coimbra. Expôs os seus trabalhos no Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Sintra e Ílhavo, obtendo alguns importantes prémios em concursos e bienais de pintura, ficando assim representado em diversas coleções privadas em Portugal e no estrangeiro. Edgardo Xavier, membro da Associação Internacional de Críticos de Arte, criticou assim a uma das exposições individuais de Capote: "(…) Acontece que os ídolos fazem história e, alguns deles, recuperados para novas linguagens, protagonizam mesmo o cerne de discursos sempre atuais. Disso é exemplo maior o trabalho de Andy Warhol que dá o mote às obras de Capote, o Pintor. Trata-se de um paralelismo incontornável que se espelha, ainda, numa sobreposição de gosto ou, se preferirem, numa estética vocacionada para os ícones da cultura popular que já cruzam a transvanguarda internacional. Cada povo tem os seus diletos mas a universalidade dos princípios abarca-os sem conflito.
De certo modo, é justamente isto o que Capote põe em confronto quando, recorrendo a escolhas aleatórias, redimensiona o problema dos ícones sociais fazendo-os parte inerente e interessada de uma comunicação já consensual. O tratamento e a cor, as texturas e a composição, o processo de raiz serigráfica e o jogo rítmico das figuras no espaço disponível, respondem pela sensibilidade deste autor cuja intervenção se pauta, predominantemente, pela necessidade de acerto cronológico e pela pesquisa que lhe valida o seu meritório percurso".
Seria bom podermos espreitar o futuro e observar a obra que este emergente artista da nossa Terra irá criar. Capote continuará a crescer como artista plástico e presentear-nos-á com a qualidade das suas composições visuais, marcando de forma indelével o panorâma artístico e cultural do Município de Ílhavo.
Março 2009
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Aníbal Machado Paião
Foi a 21 de janeiro de 1957 que na Freguesia de S. Salvador, em Ílhavo, nasceu Aníbal Machado Paião. Nascido no seio de famílias Marinheiras, desde cedo lhe nasceu o gosto pelos assuntos do Mar.
Completados os estudos secundários, obteve a sua Licenciatura em Economia pelo Instituto Superior de Economia de Lisboa em 1982.
Iniciou a sua carreira profissional como Gerente da "Copenave - Cooperativa Abastecedora de Navios, CRL", em 1983, cargo que exerceu até a 1987. É Administrador da empresa "Pascoal e Filhos, S.A." desde 1988, desempenhando em simultâneo as funções de Diretor da ADAPI - Associação dos Armadores das Pescas Industriais desde 1994; Presidente da Assembleia Geral da AIB - Associação dos Industriais do Bacalhau desde 1996; Conselheiro da Fundação João Jacinto de Magalhães da Universidade de Aveiro desde 1997.
Foi Presidente da Junta Autónoma do Porto de Aveiro de março 1995 a janeiro1999 e é Presidente da Direção da Associação dos Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo desde 1993.
Da sua ação, destaca-se o papel relevante no processo de desenvolvimento do projeto do edifício do MMI inaugurado a 21 de outubro 2001.
Janeiro 2007
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António Francisco das Neves Vieira
Nascido em Lisboa, a 1 de novembro de 1954, Neves Vieira, como é habitualmente conhecido, é uma personalidade de referência neste Município, que adotou como seu e ao qual tem dedicado grande parte da sua vida.
Licenciado em Organização e Gestão de Empresas, pela Universidade Técnica de Lisboa - Instituto Superior de Economia (atual ISEG), é membro da Ordem dos Economistas e da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas.
Aos vinte e seis anos de idade, Neves Vieira conclui a sua licenciatura e deixa a capital para casar e viver em Ílhavo.
Inicia a sua atividade profissional como Gestor, Técnico Oficial de Contas e Consultor de várias empresas e assume a direção do Jornal Ilhavense, de 1980 a 1997, como forma de conhecer melhor a Comunidade de opção, dedicando-se a uma das artes em que demonstra grande sensibilidade: a comunicação.
Paralelamente a esta intensa atividade, Neves Vieira assume um papel preponderante na vertente pastoral na Paróquia de S. Salvador de Ílhavo, dada a sua vincada ligação aos Movimentos Apostólicos, Comissões Pastorais e dinamização de grupos de jovens. Como homem ligado às áreas da organização e gestão financeira, assume, por nomeação do Bispo de Aveiro, responsabilidades no âmbito do Conselho Económico Paroquial.
Dono de um espírito interventivo e dinâmico é também Dirigente Associativo, quer no Illiabum Clube, onde já exerceu as mais diversas funções, quer no GRAL - Grupo Recreativo Amigos da Légua, sendo sócio fundador. Atualmente tem a seu cargo a presidência da Assembleia Geral desta associação cultural e recreativa da comunidade onde reside.
A política apareceu naturalmente no seu percurso de vida. Neves Vieira assumiu, em 1986, a presidência da Comissão Política Concelhia de Ílhavo do Partido Social Democrata (PSD), mandato marcado pelo lançamento da secção de Ílhavo da Juventude Social Democrata (JSD), convidando para líder o atual Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Eng. José Ribau Esteves.
Onze anos depois, Neves Vieira, convidado por Ribau Esteves, integrou a equipa que viria a vencer as eleições autárquicas de 1997, assumindo o cargo de Vice Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo com os Pelouros da Cultura, Ação Social, Habitação Social, Mercados e Feiras e Toponímia Municipal. Foi vereador por dois mandatos.
No final do segundo mandato, um problema de saúde não o afastou por completo da sua atividade profissional e política, mas obrigou-o a abrandar por alguns tempos até ficar totalmente recuperado e assumir, em 2009, a presidência da Assembleia Municipal de Ílhavo.
Neves Vieira mantém o seu espírito positivo, afável, dinâmico, crítico e preocupado, procurando pautar a vivência do seu dia a dia por valores de humanismo, pugnando pela disponibilidade para continuar a servir a sua Comunidade.
Abril 2012
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António Manuel Correia de São Marcos
Nascido em Ílhavo, em 1951, o Comandante António São Marcos frequentou a instrução primária e o Liceu na Cidade do Porto tendo, em 1970, ingressado na Escola Naval, da qual se transferiu dois anos mais tarde para a Escola Náutica Infante D. Henrique, onde se veio a licenciar em Gestão e Tecnologias Marítimas, com Tese defendida na área de Tecnologia Marítima e Sistemas de Carregamento/Arquitetura Naval - Estabilidade de Navios.
Após uma carreira de 25 anos como oficial e comandante de navios de comércio e de pesca, foi Assessor do Conselho Diretivo do extinto Instituto Nacional de Pilotagem dos Portos e, posteriormente, Diretor da Inspeção de Navios do IMP (Inspetor-Geral de Navios).
Pós-graduou-se em Direito Marítimo e fundou a empresa Navalarea, dedicando-se especialmente à investigação de sinistros e fraudes marítimas, assessoria técnica a advogados, pareceres para fins judiciais e de regulação de avarias, supervisão de construções e reparações navais, formação em segurança integrada marítimo-portuária e produção de projetos legislativos no domínio da segurança dos navios e dos portos.
António São Marcos foi igualmente membro de Colégios Periciais do Tribunal Marítimo de Lisboa e Docente de Direito Marítimo nos cursos de pós-graduação em Gestão do Transporte Marítimo e Gestão Portuária do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa e de pós-graduação em Direito Marítimo na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa.
Com a iniciativa da empresa Pascoal & Filhos, S.A. de reconstituir o lugre Santa Maria Manuela, irmão gémeo do NTM Creoula e antigo símbolo da frota branca de veleiros portugueses, o Ilhavense António São Marcos abandonou toda a atividade que exercia para assumir, a partir de janeiro de 2008, a coordenação técnica do projeto e, subsequentemente, o comando do navio, regressando ao mar, desta feita com o propósito de contribuir para a reativação da escola de navegação à vela em grandes navios, que há muito se havia perdido na Marinha Mercante, contribuindo para o papel fundamental do "Santa Maria Manuela" enquanto Embaixador do Município de Ílhavo.
Novembro 2009
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António Neves
Natural de Ílhavo, António Neves nasceu na Vista Alegre a 13 de outubro de 1963.
Desde muito cedo se interessou pela pintura, ingressando aos 16 anos na Fábrica da Vista Alegre, onde começou por receber aulas de desenho e, um ano depois, de pintura. Os mestres Catarino e Armando Pimentel ensinaram-lhe os segredos do desenho e da pintura sobre a porcelana, que, aliados ao seu talento, permitiram a António Neves executar trabalhos de grande rigor e qualidade durante os cerca de 8 anos que permaneceu na Fábrica.
Em 1987, altura em que já era monitor de pintura no Centro de Criação Artística da Fábrica, optou por iniciar a sua carreira nas artes plásticas, elegendo a pintura a aguarela como a sua técnica preferida.
O seu percurso artístico conta com um rol enorme de exposições individuais e coletivas nas mais prestigiadas galerias do País e do estrangeiro, bem como os prémios que foi recebendo: a Menção Honrosa na FARAV II (1987), o 1º Prémio do I Salão de Artes Plásticas de Ílhavo (1990) e a distinção do Homem do Leme (2000).
António Neves assume-se como um aguarelista paisagístico, sendo já considerado um dos mais consagrados aguarelistas portugueses da atualidade, celebrando neste ano de 2007 o 20º aniversário de uma carreira de grande sucesso.
"A pintura de António Neves revela um profundo amor, brindando ao orvalho das manhãs, às brumas que descem sobre a paisagem e nela poisam um terno beijo, à neblina que paira na atmosfera, dissolvendo os contornos, diluindo as formas, amaciando a dureza de cada aresta, oferecendo um mundo adoçado pela melancolia do marulhar das águas e pelo odor do lodo da zona ribeirinha onde o artista nasceu e aprendeu a fazer poesia com pincéis, água e luz." - Cátia Mourão, Historiadora de Arte.
Dezembro 2007
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Arcebispo Pereira Bilhano
Nasceu em Ílhavo a 22 de março de 1801, filho de João António Bilhano e de Rosa Maria de Jesus, casal de pescadores muito pobres.
Desde muito novo que mostrou vocação e vontade de seguir uma carreira religiosa. No entanto, os poucos recursos de seus pais, assim como a morte prematura de seu pai, dificultaram-lhe esse seu sonho. Foi o Ilhavense Dr. Manuel Rocha Couto (deputado de Aveiro) que, sabendo dessa sua vontade e reconhecendo a vocação e a inteligência do menino, o apresentou ao então Bispo de Aveiro, D. Manuel Pacheco de Resende, que o tomou a seu cargo.
Formou-se em Cânones em 1823 na Universidade de Coimbra. Foi pároco em Oliveirinha e em Ílhavo, acolhendo sempre carinhosamente os pobres e os infelizes.
Quando em março de 1837 faleceu o Bispo de Aveiro, o nosso conterrâneo muito sofreu com esse acontecimento e pediu a exoneração dos cargos que desempenhava e retirou-se para a sua modesta casa de Ílhavo, dedicando-se ao ensino francês, latim, geografia, etc., que exercia gratuitamente.
Em 1842 foi investido de todos os poderes e jurisdição na Diocese de Aveiro, recebendo louvores do Papa Gregório XVI pelo seu excelente desempenhado.
Por duas vezes foi nomeado vigário geral da Diocese de Aveiro, desempenhando esse cargo com nobreza e dignidade. Eleito deputado pelo círculo de Aveiro em 1852, propôs numa sessão daquela Câmara, que se igualassem os ordenados dos vigários gerais, porque uns ganhavam mais do que outros.
Finalmente, em 1871, foi nomeado Arcebispo de Évora, no dia 6 de março.
Faleceu a 18 de setembro de 1890, contava então com 89 anos de idade. Foi uma personagem que se destacou pela sua bondade e generosidade para com os seus semelhantes e para com os mais carenciados, fazendo tudo o que estava ao seu alcance para os ajudar a ultrapassar as dificuldades da vida.
A sua morte foi sentida pelos Ilhavenses da época, que não o quiseram deixar no esquecimento, prestando-lhe homenagem e 1919, quando atribuíram o seu nome à rua que o viu nascer e morrer.
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Armando Oliveira Pimentel
Armando Oliveira Pimentel nasceu em Vagos a 17 de janeiro de 1930, mas desde os seus 20 anos, ano em que casou, reside em Ílhavo, Descende de uma família profundamente enraizada na Vista Alegre. Seus avós paterno e materno, assim como os seus pais trabalharam na Fábrica em diversos setores, desde a Preparação da Pasta até à Pintura. Foi seu pai, o primeiro pintor da família, que certamente influenciou a vocação do filho para abraçar a profissão que faria dele o último Mestre de pintura da Vista Alegre. Esta vocação revelou-se muito precocemente pois Armando Pimentel recorda-se, de ainda menino gostar de desenhar “as caras dos Reis de Portugal, mas só dos que tivessem barba e bigode…”
O seu pai tentou a sua entrada para o seminário a qual não se realizou por motivos financeiros. Abandonada a ideia do seminário, e porque era necessário ajudar os pais e os irmãos, começou a trabalhar num talho à espera de ter idade para poder ingressar na Vista Alegre.
Foi no dia 22 de março de 1942, com 12 anos de idade, que começou a aventura do futuro Mestre da Vista Alegre, ingressando na Aula de Desenho tendo como professor o Sr. João Cazaux. Cedo se revelaram os seus invulgares dotes artísticos, e passado um ano ingressou como aprendiz na oficina de Pintura onde foi acompanhado pelo Mestre Ângelo Chuva. Aos 18 anos foi oficialmente considerado "Aprendiz menor do 1º ano de pintor" e começou a trabalhar com o seu grande Mestre Palmiro Peixe.
Foi meteórica a sua carreira como pintor da Vista Alegre. Contrariamente ao que era habitual começou a ter um vencimento de 5$00 por dia, logo que iniciou a aprendizagem de pintura e aos 14 anos recebeu, no Natal, a sua primeira gratificação, que naquela altura, só era concedida a 6 pintores! Em 1951, o reconhecimento das suas qualidades como pintor e como orientador de futuros pintores levou-o a ser escolhido para supervisor de todos os pintores que trabalhavam para um grande cliente americano.
Foi Armando Pimentel que iniciou, em 1970, a técnica da pintura sobre biscuit que tornou possível uma autêntica revolução artística da pintura, pelo realismo que tal técnica permitia dar às peças. De 1970 a 1999 todos os lançamentos de séries especiais ou limitadas da Vista Alegre lhe passaram, direta ou indiretamente pelas mãos e que todos lhe mereceram a mais dedicada atenção e o maior empenho na qualidade da sua execução.
Armando Pimentel esteve, ao serviço da Vista Alegre, na fábrica alemã Hutschenreuther, em 1969, participou num Congresso de Design na Suécia e na Finlândia, esteve presente nas Feiras de Versalhes, Frankfurt e Hannover, e fez demonstrações de pintura ao vivo em Londres, Dallas, Bóston, New York, Haway e Rio de Janeiro. Também em Portugal teve a oportunidade de revelar o seu talento como pintor na FIL, em Lisboa, em exposições realizadas na Póvoa de Varzim e Espinho e por ocasião da inauguração da nova Loja da V.A. no Chiado, em Lisboa.
Armando Pimentel pintou centenas de peças e todas constituem motivo de orgulho, sendo que algumas deixaram marcas na história. É o caso do serviço que o general Craveiro Lopes levou como presente à Rainha Isabel II, quando visitou a Grã-Bretanha em 1995. Bem como outro pedido executado a pedido da Câmara Municipal de Lisboa para servir no banquete oficial que o Sr. Presidente da Republica ofereceu à Rainha Isabel II.
Mestre Armando Pimentel foi um grande Embaixador da Vista Alegre que deixou, por onde passou, o rasto da sua inconfundível arte e da sua rara capacidade de criar beleza.
Julho 2007
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Artur da Velha
Artur da Velha nasceu, na Lagoa, a 20 de setembro de 1885 e morreu em 16 de novembro de 1954. Capitão da Marinha Mercante, foi o marinheiro mais destemido que comandou barcos em Portugal.
Apesar de todos os ataques que sofria de cruzadores, de minas, de submarinos e de aeroplanos nunca se desviou da rota normalmente seguida. Foi sempre insubmisso e audaz. Naturalmente que a sua rebeldia lhe podia trazer dissabores. A sua submissão ás ordens do Almirante Inglês, a desobediência constante às autoridades marítimas francesas e o seu quase desconhecimento das preocupações que os barcos deviam tomar em tempo de guerra levaram a França a instaurar-lhe três processos a que recusou comparecer.
Durante a Primeira Guerra Mundial, foi comandante do vapor "Machico", que como todos os outros andava artilhado com um canhão. Este nunca disparou um tiro pois o capitão achava desnecessário. No entanto afundou dois submarinos alemães no Mediterrâneo, que eram o terror da navegação. O seu processo era simples: quando avistava um submarino dirigia-se a ele a todo o vapor por forma que este ou fugia perante o ímpeto invulgar ou ficava despedaçado.
Por este fato foi condecorado com a "Victória Cross" pelo governo Inglês, a "Legião de Honra" pelo governo Francês, a "Torre de Espada" e a "Cruz de guerra" pelo governo Português. Mas o governo alemão, com o seu orgulho ferido, ofereceu trinta mil Marcos a quem o aprisionasse. Artur da Velha é uma das mais nobres figuras dessa lendária série de Velhos Lobos do Mar que honra o país e dignificam as profissões a que pertencem.
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Augusto Miguel Freitas Pereira
Nascido em 1971, em Ílhavo, Augusto Pereira é carpinteiro de profissão, no Centro de Ação Social do Concelho de Ílhavo (CASCI), onde, desde cedo, descobriu a sua vocação para o desporto, participando em diversas provas de atletismo.
No entanto, sempre demonstrou grande entusiasmo e amor pelo Ciclismo, acabando por abraçar esta modalidade com todo o "empenho, dedicação e força de vontade", como refere o seu treinador, o professor Henrique Santos.
O percurso do atleta como ciclista iniciou-se em 1995, ano em que participou, pela primeira vez, nas Provas de Ciclismo integradas no Calendário Nacional da Associação Nacional de Desporto para Deficiência Intelectual - ANDDI, destacando-se, desde logo, pela excelência do seu desempenho.
A partir daí, Augusto Pereira prosseguiu a sua carreira desportiva na alta competição para atletas portadores de deficiência (Paralisia Cerebral - Divisão 3), marcando presença assídua nas mais importantes competições internacionais e conquistando títulos de elevado prestígio, salientando-se a participação nas Paraolimpíadas de Sidney 2000 e Atenas 2004, onde ficou nos honrosos décimo e nono lugares, respetivamente.
Em 1998, o atleta Ilhavense foi vice-campeão do mundo de estrada nos Campeonatos do Mundo de Paralisia Cerebral (IPC), nos Estados Unidos, levando para casa a Medalha de Ouro no ano seguinte, nos Campeonatos da Europa, em contrarrelógio.
No ano de 2001, Augusto Pereira conquistou a Medalha de Prata nos Jogos Mundiais de Paralisia Cerebral, em Inglaterra, sendo novamente vice-campeão de estrada, desta vez nos Campeonatos da Europa, realizados na República Checa, em 2003.
A pouco mais de um mês da abertura dos Jogos Paraolímpicos de Pequim 2008, Augusto Pereira leva já consigo mais uma medalha, a de vice-campeão do Mundo de Contrarrelógio curto, conquistada nos Campeonatos do Mundo de Idanha-a-Nova. Pela terceira vez, o atleta de Ílhavo marca presença nas Paraolimpíadas, sendo mais uma vez o único representante da comitiva portuguesa na modalidade de Ciclismo.
Aos 38 anos, Augusto Pereira encontra-se, provavelmente, em fim de carreira, mas nem por isso menos motivado. Na opinião do treinador Henrique Santos, o ciclista mantém sempre "um grande espírito de luta, regularidade, sacrifício e motivação", demonstrando, ao longo dos anos, uma grande paixão pelo Ciclismo e pelo desporto.
O desempenho brilhante e a dedicação extraordinária do atleta da nossa Terra tem sido permanentemente reconhecido pela Câmara Municipal de Ílhavo, que tem atribuído vários subsídios à Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Mental - ANDDEM, como forma de apoiar Augusto Pereira nos Campeonatos de Ciclismo para atletas portadores de deficiência mental.
Agosto 2008
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Cândido Teles
Foi em Ílhavo que num dia do ano de 1921, nasceu o pintor Cândido Teles.
Ainda jovem, o artista fez o seu aprendizado, através do convívio dos seus familiares mais próximos, que na época, trabalhavam como pintores na Fábrica da Vista Alegre. A sua faceta de artista está também ligada com o seu pai, Amadeu Simões Teles e José Patoilo, seu avô.
Fez o Liceu em Aveiro, onde no 3º ou 4º ano concorreu ao Jogos Florais, tendo sido distinguido. Com 18 anos conheceu o pintor Fausto Sampaio e começou por acompanhá-lo, primeiro para ver o trabalho e, por último, a trabalhar ao seu lado. Por influência de Fausto Sampaio começou a pintar a óleo.
Em 1938, fez a sua primeira exposição no salão Arrais Ançã, na Costa Nova. Em 1944, foi mobilizado para os Açores, onde começou a pintar a figura humana. Em 1951, foi para Angola, onde procurou as figuras enquadradas na arborização original.
Voltou à Metrópole, ingressando no curso Estado Maior. Em 1962, viajou para a Madeira onde conheceu Júlio Resende. Mais tarde, foi mobilizado para comandar um batalhão em Angola.
Cândido Teles regressou à pátria natal, mais concretamente a Évora. Aí colheu ensinamentos profundos de Júlio Resende. As cores das duas telas mudam: deixou as cores negras e começou a pintar com muita luz.
Mais tarde, volta novamente para a guerra. A paleta escurece novamente. Fez quadros onde aparecem figuras maltrapilhas, pobres, doentes, mutiladas. Mas, na Ilha de Moçambique, tornou a pintar marinhas com muita cor, trabalhando exclusivamente a figura humana.
De regresso a Ílhavo, fez a sua reintegração e empenhou-se em buscar a arte xávega, os temas da pesca na ria, da faina do moliço que procurou reviver. Retornou também à cerâmica, arte a que desde os primeiros contactos do tempo do avô nunca deixou de se entregar.
Faleceu a 31 de outubro de 1999.
Cândido Teles trilhou um percurso de vida notável e uma caminhada artística singular, deixando um imponente espólio digno das mais ilustres homenagens.
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Adriano Agualusa Nordeste
Adriano Agualusa Nordeste nasceu a 10 de janeiro de 1923, em Ílhavo.
Terminada a instrução primária, com distinção, cedo colocou mãos ao trabalho, primeiro numa padaria e, depois, como contínuo na afamada fábrica da Vista Alegre, à qual se manteve fiel até aos 20 anos. Simultaneamente frequentou o curso noturno da Escola Comercial, em Aveiro, e completou o 1º ano do Instituto Comercial do Porto, na qualidade de estudante-trabalhador.
Mais tarde viria a ingressar na Escola Náutica, onde completou o curso em 1948. Embarcou, nesse mesmo ano e pela primeira vez, em direção à Terra Nova, no arrastão Santa Joana, com a categoria de 2.º Piloto.
Em 1951, embarcou no Santa Princesa com a categoria de Imediato, passando depois para o Santa Joana onde prestou serviço até 1953. Em 1959, completou o curso de Capitão da Marinha Mercante Portuguesa com média de 15 valores.
Comandou os arrastões bacalhoeiros Santa Joana, Santo André, Rio Alfusqueiro e Santa Mafalda, pertença da Empresa de Pesca de Aveiro (EPA), numa história de 26 anos da qual não fazem parte nem naufrágios nem perda de homens. Após cooperar na transformação do arrastão Santa Mafalda em navio congelador, aposentou-se aos 59 anos, mas outras fainas se seguiram…
Em 1984, integrou os Corpos Gerentes do Illiabum dedicando-se de alma e coração ao Clube, chegando a considerá-lo um filho. Em 1991 foi eleito Sócio de Mérito e, em 1996, recebeu o Diploma e emblema em ouro do Illiabum pelos 50 anos de sócio da Instituição.
O Cap. Adriano Nordeste exerceu igualmente o cargo de Presidente da Assembleia Municipal de Ílhavo, durante dois mandatos consecutivos (1998-2005), com maioria absoluta. Foi homenageado pela Câmara Municipal de Ílhavo com a Medalha do Concelho em Vermeill, em 1992, e com a Medalha do Concelho em Ouro, em 2003, aquando das Comemorações do Feriado Municipal, ano em que foi atribuído ao Pavilhão Municipal de Ílhavo o seu nome.
Dedicou o seu tempo à Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo, presidindo à Assembleia Geral, ocupando também os cargos de Secretário da Confraria do Bacalhau e de Vice-Presidente da Comissão Executiva do Illiabum Clube.
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Amantino Lopes Caçoilo
Grande homem da Pesca e do Mar, o Capitão Amantino Lopes Caçoilo, é filho de António Lopes Caçoilo e de Maria da Luz Lopes, nasceu a 5 de setembro de 1946, na Gafanha da Nazaré. Casado, e com duas filhas, o Capitão reside atualmente na sua cidade-natal, onde assume as funções de Técnico Superior da Unidade Operacional da Forpescas, em Ílhavo, estando a sua atividade profissional desde sempre ligada ao Mar.
Após terminar o Secundário, no Liceu Nacional de Aveiro, em 1966, Amantino Lopes Caçoilo deixou a terra que o viu nasceu e rumou à Escola Náutica Infante D. Henrique, em Oeiras, onde concluiu o Curso Geral (1969) e o Curso Complementar de Pilotagem (1986), tendo, mais tarde, concluído a Licenciatura em Administração e Gestão Marítima, já em 1999. Ao seu já vasto currículo, Amantino Caçoilo acrescentou, ainda, outros Cursos de Formação, na sua maioria ligados à Pesca, mas não só. Em 1986, terminou o curso de Simulador de Radar, na Escola Náutica Infante D. Henrique, o curso Avançado de Combate a Incêndios, na Escola da Armada, e, ainda, o curso de Novas Tecnologias de Pesca, do Instituto Superior de Estudos Marítimos. Já na década de 90, o Capitão Ilhavense ainda teve tempo para se dedicar a um curso de Informática e a um outro de Aperfeiçoamento para Gestores de Formação, alargando o seu leque de especialidades.
Paralelamente a vários estudos e participações em diversas conferências de âmbito nacional e internacional, Amantino Caçoilo manteve a sua vida profissional bastante preenchida.
Começou por desempenhar funções de Piloto na pesca do bacalhau, em 1970, em navios da EPA – Empresa de Pesca de Aveiro, subindo de posto em 1973, onde foi Imediato até ao ano de 1979. Sempre ligado à pesca de bacalhau, foi pela Sociedade da Pesca Silva Vieira e da TAMNEV, S.A. que se tornou Capitão, em 1980, onde desempenhou funções no domínio da gestão da sua frota de navios.
A sua relação profissional com o Forpescas - Centro de Formação Profissional para o Setor das Pescas teve início em 1987, contando já com quase vinte anos de vida.
A partir de 1989, o Capitão Ilhavense assumiu um conjunto vasto de responsabilidades, que abrangeram quase todos os domínios técnicos da empresa, desde Navegação, Segurança, Formação, Gestão de Recursos Humanos. Em 2003, abraçou a função de Diretor Regional do Centro de Formação em Ílhavo, tendo sido o principal responsável pela criação do FORMAR - Centro de Formação Profissional das Pescas e do Mar, em 2008.
Enquanto munícipe e cidadão ativo, o Capitão Amantino Lopes Caçoilo manteve uma postura social bastante interventiva. Foi sócio-fundador e Diretor da Associação para os Desenvolvimento dos Interesses da Gafanha da Nazaré (ADIG) e Vice-presidente do Grupo Desportivo da Gafanha. Foi, ainda, Vice-presidente e Presidente da Fundação Prior Sardo e Membro da Direção da Rádio Terra Nova, da Direção da Cooperativa Cultural e Recreativa da Gafanha da Nazaré e do Concelho Pastoral da Paróquia da mesma. Ao seu longo e brilhante curriculum, Amantino Caçoilo acrescenta também as funções de Presidente da Assembleia de Freguesia da Gafanha da Nazaré.
Capitão de Mar e eterno académico das Pescas, Amantino Lopes Caçoilo é um orgulho para as gentes da sua terra e uma referência para o Município, que tem no Mar a sua Tradição.
Novembro 2008
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António Marques da Silva
António Marques da Silva nasceu em Lisboa a 23 de junho de 1931. Em 1951 terminou o Curso Geral da Escola Náutica e, quatro anos depois, o Curso de Capitão da Marinha Mercante. Entre março de 1952 e fevereiro de 1953 andou embarcado como praticante de piloto no arrastão bacalhoeiro Santo André, hoje pólo do Museu Marítimo de Ílhavo. Assumiu o cargo de Capitão em veleiros da pesca do bacalhau entre os anos de 1953 e 1973.
De 1953 a 1958, ao serviço da Parceria Geral de Pescarias, embarcou no navio Creoula como piloto e imediato, assumindo nesse mesmo ano o comando do Gazela Primeiro até 1964. Em 1959, foi nomeado pela administração dessa empresa para superintender os trabalhos de reconstrução daquele navio nos estaleiros navais de Manuel Mónica, na Gafanha da Nazaré. Desta data a 1973, continuou embarcado nos navios Argus e Creoula.
Entre janeiro de 1973 e agosto de 1987, andou embarcado em navios da companhia Econave, onde desempenhou funções de Comandante em vários navios de carga geral e porta-contentores. Em 1973, fez parte da comissão de receção dos navios Eco Tejo, Eco Sado, Eco Vouga, nos estaleiros de Frederikshaven Yard & Dry Dock - Denmark.
Em 1978, desempenhou idêntica missão, referente aos navios Eco Mondego e Eco Guadiana, nos estaleiros de Liverpool. Em 1979, nessa mesma Cidade, foi agraciado pela agência Edward Nicholson na cerimónia que deu início a uma linha regular de porta-contentores entre o Reino Unido, Portugal e a Itália.
Em 1980 foi nomeado superintendente da frota da Eco Nave e, em 1981, representante a Secretaria de Estado das Pescas na execução do projeto e supervisão das obras de recuperação e adaptação do Lugre Creoula a Navio-escola e Comandante desse navio. Nesse mesmo ano, começou a lecionar a disciplina de Marinharia da Escola Náutica Infante D. Henrique até 1992.
Em 1987 efetuou as provas de mar deste navio e fez a sua entrega à Marinha de Guerra Portuguesa. A 30 de junho de 1987 aposentou-se de uma longa e meritória carreira de oficial da marinha mercante. As ligações do Capitão Marques da Silva à cultura marítima e ao património náutico tornaram-se, a partir de então, mais regulares e persistentes.
Em 1999, lançou o livro "Memória dos Bacalhoeiros - Uma contribuição para a sua História". No ano seguinte, foi proposto para integrar a Comissão Técnica-Consultiva da Fragata D. Fernando e Glória. Modelista exímio, o Capitão Marques da Silva tem dedicado os últimos anos à pesquisa e fabrico de modelos de embarcações tradicionais.
O seu rigor de investigação e elevado sentido didático têm incentivado o autor a publicar valiosos estudos de cultura náutica e modelismo naval, em especial no âmbito das Edições Culturais da Marinha, tendo, entre 2003 e 2005, editado os livros "A Força do Vento", "O Pequeno Herói" e “Quem vai para o Mar” e as Monografias “Canoa de Convés do Algarve” e “O Barco Moliceiro”. Em outubro de 2001, foi eleito membro correspondente da Academia de Marinha e condecorado com a Medalha de Cruz Naval de Primeira Classe pela Marinha de Guerra Portuguesa, em maio de 2006.
Mais recentemente, em 2008, através dos Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo, o Cap. Marques da Silva entregou à guarda e segurança do Museu Marítimo a sua coleção particular de motivos náuticos.
Novembro 2009