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A Nossa Gente
Falar da Nossa Gente é trazer à memória algumas figuras relevantes da nossa Terra.
Naturais do Município de Ílhavo, ou embora não o sendo, assumiram este como seu, destacaram-se ou destacam-se, deixando o seu legado em diferentes áreas. Mesmo correndo o risco de não serem todas citadas, deixamos aqui uma lista dos vultos que mais exerceram influência na sociedade ilhavense.
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Manuel Trindade Salgueiro
Nasceu em Ílhavo a 28 de setembro de 1898, filho de gente humilde, ficou órfão de pai muito novo (seu pai perdeu a vida no mar, como tantos dos nossos conterrâneos), fez a instrução primária num colégio de religiosos. Estudou no Seminário de Coimbra, sendo ordenado sacerdote em 1921. Na Universidade de Estrasburgo licenciou-se em Direito Canónico e doutorou-se em teologia.
Em Coimbra foi professor no Seminário e na Faculdade de Letras, até ser nomeado bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa em 1941. Arcebispo de Mitilene desde 1949, em 1955 passou a Arcebispo de Évora. A Escola de Pesca, o Bairro dos Pescadores e o Centro Paroquial são algumas das obras do seu legado a Ílhavo.
São suas obras principais: "La Doctrine de Saint Augustim sur la Grâce d'après le traité à Simplicien" (1925), "Papel da Vontade na Educação" (1933), "Pureza e Sensualismo" (1938), "Conhecimento Intelectual na Filosofia de Frei João de São Tomás" (1940), "Inspiração Espiritual das Misericórdias" (1958) e "Fundamentos Teológicos da apostolado dos Leigos" (1959).
Faleceu em Ílhavo a 19 de setembro de 1965.
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ário Sacramento
O Dr. Mário Sacramento nasceu a 7 de julho de 1920 em Ílhavo e morreu a 27 de março de 1969, com apenas 48 anos de idade.
Como profissional, frequentou centros científicos dos do país; como cidadão, buscou a informação lá onde a houvesse; como escritor, projetou a sua ação lá onde se tornasse indispensável.
Foi um grande político de esquerda e um dos mais apreciados vultos da política, não só do distrito de Aveiro, como também de norte a sul do país.
Enquanto quintanista de medicina e já então o talento de escritor o tinha elevado a uma posição destacada entre os estudantes. Aos 24 anos escreveu o seu primeiro grande ensaio sobre "Eça de Queirós, Uma estética de Ironia".
Na verdade, Mário Sacramento parecia predestinado para escritor e não médico. Era esse o juízo dos seus professores liceais.
Foi um dos promotores do Movimento de Unidade Democrática e membro permanente da sua comissão central, nas primeiras desse movimento de protesto cívico, logo estabeleceu contacto com inúmeros jovens, que igualmente reclamavam para o nosso Povo as condições de liberdade dos verdadeiros povos civilizados.
Não é pois de estranhar que o seu nome fosse colocado em diversas Avenidas e Ruas em algumas terras do país. A sua terra natal não foi exceção, tendo dado o seu nome à primeira avenida da cidade de Ílhavo e colocada uma placa com o seu nome.
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Samuel Tavares Maia
Nasceu a 28 de março este ilhavense que à sua profissão de médico, juntou o seu lado artístico, tendo sido poeta, pintor e dramaturgo. Era uma pessoa bondosa, disposta a ajudar aqueles mais necessitados, a quem nunca negou a entrada no seu consultório.
Como artista, desde cedo deu provas do seu talento, tendo, ainda na mocidade, feito a sua estreia como poeta publicando um pequeno volume de versos: "Livro da Alma". Atraíram-no, também, os assuntos teatrais, tendo cultivado todos os géneros.
A "Berenice da Judêa" e "D. Dinis" são peças do nosso conterrâneo que o publico de então teve o ensejo de ver no teatro, em cena. Foi também autor de peça teatral, "A Promessa da Virgem".
Como pintor, deixou trabalhos maravilhosos, cheios de inspiração, onde transparecem o sentimento romano e o cunho árabe.
Morreu relativamente novo, pois tinha somente 50 anos.
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Eduardo Ançã
Se há Ilhavenses que se recordam com saudade, pelo seu porte, educação e bondade, Eduardo Ançã merece ser lembrado pois foi um dos nossos conterrâneos que, embora não tivesse vivido muitos anos na sua terra, nunca a esqueceu.
Eduardo Ançã era um grande homem e um grande Ilhavense. Acudiu e ajudou muitas pessoas, especialmente jovens que não tinham recursos financeiros para terminarem os seus cursos.
Logo de pequeno, na Escola Primária, manifestou o espírito carinhoso e caritativo.
Como a sua mãe não podia dar-lhe uma preparação escolar da sua inteligência e aspiração, começou a trabalhar nos escritórios da Fábrica da Vista Alegre. Aí preparou o seu futuro, frequentando a Escola Técnica de Aveiro.
Concorreu a aspirante de finanças, sendo colocado em Vagos e, posteriormente, em Ílhavo. Depois de novo, na Direção de Finanças de Aveiro, foi nomeado Secretário para outros concelhos, como Reguengos de Monsaraz e Évora. Mais tarde foi promovido a Diretor de Finanças e colocado em Portalegre.
O seu prestígio era tal que não tardou a ser chamado para chefia da repartição do Tesouro do Ministério das Finanças.
Eis aqui um exemplo de um cidadão Ilhavense que se destacou pela sua competência e bondade.
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Ângelo Ramalheira
O Eng.º Ângelo Ramalheira é uma das mais ilustres e curiosas figuras do Distrito de Aveiro pelos seus altos méritos, pela sua competência profissional e prodigiosa atividade.
Natural de Ílhavo, fez o seu curso dos liceus em Aveiro, tendo seguido depois para a Bélgica, onde, na Universidades de Gand, se formou em Engenharia Civil com a especialização de betão armado.
De regresso a Portugal, depois de formado, começou a trabalhar em gabinetes da competência, despertando as atenções dos que o rodeavam pelo excecional sentido prático revelado na resolução dos problemas.
A construção começou a seduzi-lo e é já como engenheiro construtor que surge os cálculos de maior responsabilidade, como de grandes blocos de rendimento, garagens de vários andares e casas de espetáculo.
O permanente contato com estrangeiros e uma intuição especial para sentir os principais problemas da construção levam-no a soluções engenhosas e a adotar sabiamente os processos já generalizados lá fora, mas sempre com o seu quê de pessoal: de mais prático e de mais revolucionário.
O nosso conterrâneo, como construtor, teve uma posição de grande relevo.
Desde o Instituto Português de Oncologia, Hospital Escolar do Porto, verdadeiros padrões de construção civil, às construções mais arrojadas, como os da Companhia Industrial de Portugal e Colónias, se empregaram moldes celulares deslizantes, até a rapidez desconcertante com que no Porto levou a efeito a construção do novo Pavilhão dos Desportos do Palácio de Cristal.
O Eng.º Ângelo Ramalheira não foi um construtor vulgar pois muito contribuiu para o progresso da técnica da Construção Civil.
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Vasco Fernando Ferreira Lagarto
Eng. Vasco Fernando Ferreira Lagarto é uma figura incontornável de importantes projetos ligados às telecomunicações, à investigação, à educação e à cultura. Nascido a 26 de julho de 1950, licenciou-se em Engenharia Eletrotécnica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto com apenas 22 anos, alcançando, três anos mais tarde, o estatuto de Master of Science em Telecomunicações, pela Universidade de Essex, em Inglaterra.
Vasco Lagarto iniciou a sua atividade profissional, no Centro de Estudos de Telecomunicações da Portugal Telecom, a atual PT Inovação, sendo responsável pelo desenvolvimento de equipamentos de telecomunicações utilizados na digitalização da rede nacional, assim como de alguns equipamentos de transmissão ótica. Em 1981 e 1982, o perito português foi convidado, pela ITU (International Telecommunication Union), para participar numa missão na Argélia, sendo, a partir daí, bastante requisitado para várias ações de âmbito internacional.
Entre 1974 e 1979, Vasco Lagarto exerceu a profissão de docente na Universidade de Aveiro, lecionando várias disciplinas na área das telecomunicações.
À agenda profissional, por si só bastante preenchida, o Eng. Vasco Lagarto conseguiu acrescentar outras tantas atividades e projetos, desta vez ligadas à cidade que o viu crescer. Enquanto membro da Cooperativa Cultural e Recreativa da Gafanha da Nazaré, Vasco Largarto implementou o importante e pioneiro projeto Esteiro, de rede informática interescolas, em quatro escolas primárias da Gafanha da Nazaré. Em 1986, fundou a rádio local Rádio Terra Nova, mantendo-se como seu diretor desde então. Ao importante cargo de diretor, Vasco Largarto adicionou-lhe a responsabilidade pela criação do Estaleiro Terravista (acesso gratuito à Internet) existente no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré desde 1997, bem como a ligação das escolas à Internet através da Rádio Terra Nova, entre 1998 e 2000.
O Eng. Vasco Lagarto preside desde abril de 2008 à Fundação Eng. António Pascoal.
Casado com a D. Margarida Bola e pai de três rapazes, Vasco Lagarto ainda teve a oportunidade de conclui r o curso de Auditoria pelo Instituto de Defesa Nacional, em 2004.
Outubro 2008
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Euclides Vaz
A Escola das Belas Artes de Lisboa muito se honra de ter tido Euclides Vaz como seu estudante de escultura e depois como docente, a partir de 1958, ano em que inicia a sua carreira como assistente, até terminar esta longa caminhada ao chegar ao professor titular de Escultura em 1985, percurso este cheio de ações e iniciativas pedagógicas, com entusiasmo e uma dádiva exemplar, provocando nos seus alunos um sincero reconhecimento.
O ensino artístico, e especialmente o ensino da escultura e da medalhística, deve-lhe uma ação de 30 anos como trabalhador docente, como homem justo e esclarecido que sempre dignificou a ação de todos os professores.
O nosso ilustre conterrâneo foi agraciado com a Ordem da Instrução Pública (Cavaleiro) e recebeu os prémios Ruy Gameiro e Soares dos Reis. As suas principais obras executadas por concurso: os monumentos de Teixeira Pinto (Guiné); Jorge Álvares (Macau); Vasco da Gama (Moçambique); Neutel de Abreu (Moçambique).
Por encomenda direta: as estátuas de Pedro Escobar, Jorge Álvares, Eng.º Vicente Ferreira, João Afonso de Aveiro, D. João III, Luís de Camões, D. João Evangelista de Lima Vidal, Alcaide de Faria, Dr. Egas Moniz, Madre Teresa da Anunciada, Monumento ao Dr. Egas Moniz, Grupo Escultórico do largo Roseiral, monumento a Norton de Matos, que inclui quatro estátuas das virtudes Cardeais e a estátua da Justiça para o tribunal de Aveiro.
Foi autor ainda de relevos em vários tribunais, como os do Porto e Lisboa, e também foi autor de dezenas de medalhas, entre as quais: Inauguração da faculdade de Letras de Lisboa, Inauguração do palácio de Justiça do Porto, 12 Placas Virtudes Cardeais, 12 Signos do Zodíaco, Natal de 1982, A Mãe, Camões (faz parte de um conjunto de medalhas de diversos artistas), Moedas FAO de 20 e 50 escudos. É ainda autor da estátua de João de Aveiro que se encontra no Rossio da capital do nosso distrito.
No nosso museu existem dois trabalhos do nosso conterrâneo, sendo uma miniatura de João Afonso de Aveiro e outra de Luís de Camões.
Euclides Vaz faleceu com 75 anos, a 10 de fevereiro, em Lisboa.
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Fernanda Duarte Gabriel
Nascida a 10 de fevereiro de 1954, na Covilhã, Fernanda Duarte Gabriel desde cedo descobriu a sua vocação, tendo ingressado, em 1972, na Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil, Lisboa, onde concluiu o Curso de Enfermagem Geral. Em 2001 realizou a sua licenciatura em Enfermagem e, posteriormente, uma pós-licenciatura de Especialização em Enfermagem Comunitária.
O seu percurso profissional teve início em 1976, no Centro de Saúde da sua terra natal, onde permaneceu cerca de três anos, seguindo-se o de Albergaria-a-Velha e, mais tarde, em 1986, a transferência para o Centro de Saúde de Ílhavo.
No Município de Ílhavo, a Enf.ª Duarte Gabriel desenvolveu atividades que contribuíram para a Promoção da Saúde da População, nomeadamente Saúde Infantil, Saúde Materna, Vacinação, Planeamento Familiar, Saúde Escolar/Saúde Oral, entre outras.
Integrada em equipas multiprofissionais e interinstitucionais de Saúde Escolar, Educação para a Saúde, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, Rendimento Social de Inserção, em parceria com a Educação, Câmara Municipal de Ílhavo e Instituições de Solidariedade Social, a Enf.ª Duarte Gabriel desde sempre assumiu, com o dinamismo que lhe é característico, um papel fundamental na concretização de projetos que contribuíram para uma melhoria da saúde das Crianças e Jovens, Famílias e Comunidade, destacando-se os Projetos de Escolas Promotoras de Saúde; Projeto-piloto no âmbito da contratualização médico-dentária, dirigido a crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico; Projeto de Saúde Oral na Deficiência; Projetos no âmbito do Programa de Luta contra a Obesidade Infantil, dirigidos às Crianças/Jovens e restante Comunidade Escolar.
Na sua opinião é obrigação da Saúde Pública/Comunitária advogar pela melhoria das condições de saúde e bem-estar de todos, identificando, em cada comunidade os grupos que pelas suas características, idade, situação económica, social ou qualquer outra estejam mais expostos a situações que possam piorar o seu estado de saúde ou de doença, conforto ou bem estar, tendo sido estas as premissas da sua atuação na sua vida profissional.
Aposentada desde novembro de 2010, a dedicação e o caráter empreendedor que demonstrou ao longo da sua história de vida fazem da Enf.ª Duarte Gabriel uma figura de renome, cuja marca fica impressa sobretudo no notável trabalho que sempre desenvolveu na área da Saúde em prol de toda a Comunidade do Município de Ílhavo.
Maio 2011
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Fernando Maria da Paz Duarte
Nascido a 12 de julho de 1944, em São Martinho do Bispo, Coimbra, Fernando Maria da Paz Duarte veio viver para Ílhavo com apenas 14 anos de idade. Com os estudos liceais terminados no ano de 1963, ingressou no Magistério Primário, hoje Escola Superior de Educação de Viseu, onde veio a concluir o curso em 1965.
O seu percurso profissional é notório. No Ensino, apenas 4 anos após ter lecionado na Gafanha de Aquém, assumiu funções de Subdelegado e Delegado Escolar de Ílhavo, foi sócio fundador e membro dos Órgãos Sociais do Sindicato dos Delegados e Subdelegados Escolares por um período de 8 anos e Dirigente Local da Associação Nacional de Professores desde a sua fundação.
Mas o Prof. Fernando Maria também enveredou por outras áreas, nomeadamente a atividade autárquica, tendo sido Vereador da Câmara Municipal de Ílhavo durante três mandatos, dois dos quais em regime de permanência. Em 1982 chegou a ocupar o cargo de Presidente da Câmara, por impedimento do Presidente eleito, o Capitão Bilelo.
O seu espírito ativo determinou ainda a sua dedicação a várias Associações do Concelho. Integrou a Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, do Illiabum Clube e foi Presidente da Direção e da Assembleia-geral da Associação Cultural e Desportiva "Os Ílhavos", bem como foi Confrade Fundador da Confraria Gastronómica do Bacalhau.
Um dos seus grandes desafios surgiu em março de 1999 quando aceitou o convite para ocupar o cargo de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo com o principal objetivo de trabalhar em prol da Comunidade, tendo sido o responsável pelo lançamento da primeira pedra da Unidade de Cuidados Continuados daquela Instituição. Atualmente, desempenha igualmente o cargo de secretário do Secretariado Regional da União das Misericórdias e é membro do Conselho Local de Ação Social e da Comissão Concelhia de Saúde de Ílhavo.
O caráter multifacetado deste homem faz dele uma figura de renome na Comunidade Ilhavense, marcado pelo trabalho voltado para a Comunidade e Associativismo.
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Fernando Martins
Nascido a 24 de novembro de 1938, com antepassados que se estabeleceram na Gafanha da Nazaré no século XVIII, Fernando Martins, também ele natural desta centenária freguesia, é uma personalidade de referência no Município, muito em especial pelo gosto que nutre desde sempre pela divulgação da história e testemunhos das gentes da sua terra-natal, onde passou e dedicou grande parte da sua vida.
Professor do Ensino Básico na Escola Primária da Marinha Velha durante mais de trinta anos e, em simultâneo, jornalista de várias publicações nacionais e regionais, Fernando Martins assume que podia ter enveredado pel a vida religiosa, dado o seu grande interesse, desde tenra idade, pela Teologia, pela Igreja Católica e pelo Ecumenismo, quer através do simples prazer da leitura, quer através da sua já longa ligação à Diocese de Aveiro e à Paróquia da Gafanha da Nazaré.
A sua forte motivação para a escrita levou-o a colaborar em conhecidos jornais, como o "Comércio do Porto", o "Timoneiro", a revista "Igreja Aveirense" e o semanário "Correio do Vouga", no qual foi Diretor. Embora por menos tempo, foi igualmente colaborador da Rádio Renascença, estando ainda ligado à fundação da Rádio Terra Nova, na qual dirigiu o programa "Ponto de Encontro", com o atual Diretor, Eng. Vasco Lagarto.
Paralelamente a esta intensa atividade, Fernando Martins foi nomeado, em 1988, Diácono, pelo Bispo D. António Marcelino, sendo o primeiro Coordenador do Grupo de Diáconos Permanentes da Diocese de Aveiro onde ainda se mantém como colaborador da Comissão Diocesana de Cultura. Membro do Conselho Científico do ISCRA – Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro e Presidente da Delegação de Aveiro da União das Instituições de Solidariedade SocialFernando Martins acrescenta ainda a esta já extensa lista de funções a de Secretário emais tarde, Presidente da Assembleia Geral do Grupo Desportivo da Gafanha.
Ao fim de muitos anos dedicados ao ensino e ao jornalismo escrito, encontramos Fernando Martins numa vertente mais moderna da sua ocupação escrita, com a criação, em dezembro de 2004, do seu primeiro e bem sucedido blog - "Pela Positiva", a que se seguiu o "Galafanha" sendo igualmente colaborador do blog "Convida Saberes", da Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo, onde regularmente é convidado a participar em tertúlias e palestras.
Atualmente, com 72 anos muito bem conservados pelo seu espírito "positivo" e renovador, o Prof. Fernando Martins dedicou as suas horas vagas a escrever o livro "Gafanha da Nazaré: Cem Anos de Vida", uma compilação dos principais acontecimentos vividos pelos seus habitantes neste último século, marcados inevitavelmente pela ambiência nacional em torno da Implantação da República, das Grandes Guerras Mundiais e das Aparições de Fátima.
Abril 2010
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Filinto Elísio (Pseudónimo de Francisco Manuel do Nascimento)
Embora tivesse nascido em Lisboa, pode-se considerar ilhavense, pois os seus pais eram de Ílhavo, sendo filho de Manuel Simões, fragateiro e da peixeira Maria Manuela. O seu nome de batismo foi Francisco Manuel do Nascimento, nascido na freguesia de S. Julião em 23 de novembro de 1734 e falecido em Paris em 25 de novembro de 1819.
Fez os seus estudos graças à proteção de um indivíduo chamado João Manuel, mestre de fragatas reiais e depois patrão-mor da Ribeira das Naus e ordenou-se, sendo já "clérigo de missa", por ocasião do terramoto de 1755.
Foi professor de D. Leonor de Almeida, futura marquesa de Alorna e também da sua irmã D. Maria, à qual se afeiçoou com paixão platónica, a quem chamou Márcia e Dáfna em algumas das suas composições poéticas. A D. Leonor pôs o pseudónimo arcádico de Alcipe e dele recebeu o seu Filinto, que substituiu o de Niceno que até aí usara.
Em 1778, o Padre José Manuel de Leiva denunciou-o à Inquisição como pronunciador de afirmações heréticas. Procurado pelo Santo Ofício, fugiu pelas travessas da casa onde morava e refugiou-se na casa do comerciante francês Teomóteo Lecussan Verdier. Conseguiu transferir-se, disfarçado, para um navio sueco, no qual fugiu para França, desembarcando no Havre. Em breve se viu afligido pela situação financeira e por fim veio a sofrer grande miséria. Em 1843 foram os seus restos mortais transladados de Paris para Lisboa e em 1856 deu-se-lhe túmulo no cemitério do Alto de S. João.
As suas obras, de que se fizeram edições, uma em Paris, em 1817-1819, em 11 volumes, outra em Lisboa, 1836-1840, de 22 volumes, constam de composições originais em verso e numerosas traduzidas. Sobre Filinto Elísio escreveu Garrett "que nenhum poeta, desde Camões, havia feito tantos serviços à língua portuguesa".
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Silvino Teixeira Filipe
Nascido a 19 de janeiro de 1954, na freguesia da Gafanha da Nazaré, Município de Ílhavo, o Frei Silvino completou a instrução primária na Escola Primária da Cambeia, tendo prosseguido os estudos no Liceu Nacional de Aveiro.
Para fazer o Postulantado, ingressou no Noviciado dos Padres do Carmo de Fátima a 4 de fevereiro de 1974, tendo a partir daí trilhado um caminho com vista à vida sacerdotal: tomou o hábito do Carmo a 8 de outubro do mesmo ano e fez a sua Profissão Simples na Ordem a 21 de setembro de 1975, ambos em Fátima.
No ano letivo de 1975-1976 frequentou o Seminário Carmelitano de Viana do Castelo, onde estudou latim, grego e outras matérias.
Em 1976, iniciou os estudos filosóficos e teológicos no ICHT – Instituto de Ciências Humanas e Teológicas, do Porto (1º ano), frequentou os 2º e 3º anos na UniversidadePontifícia de Salamanca, regressando ao ICHT para concluir a referida licenciatura.
A 16 de novembro de 1980, consagrou-se perpetuamente ao Senhor como Carmelita Descalço pela Profissão Solene, no Convento do Carmo de Aveiro, onde foi igualmente ordenado de diácono a 1 de março de 1981.
A ordenação presbiteral aconteceu a 27 de setembro de 1981, na Igreja da Gafanha da Nazaré, pelo Bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade.
Nesse ano, voltou ao Convento do Carmo de Viana do Castelo para trabalhar como missionário no Seminário Carmelitano e também no secretariado diocesano da pastoral da Juventude, onde permaneceu até 1984. Os 3 anos seguintes foram vividos na Casa do Carmo, em Fátima, como responsável do Postulantado.
No dia 20 de julho de 1987, celebrou a sua primeira Missa como conventual do Convento do Carmo de Aveiro, onde se encontra desde então, tendo cumprido o jubileu das suas bodas de prata sacerdotais.
Para o homenagear, a Câmara Municipal de Ílhavo e a Ordem dos Padres Carmelitas promoveram a apresentação do Livro "Alegrai-vos! Homilias do Frei Silvino", que decorreu na Biblioteca Municipal de Ílhavo, no dia 16 de dezembro de 2006, do qual apresentamos um pequeno excerto inteiramente dedicado à época natalícia:
"Nos braços do Menino de Belém que se estendem como um bebé para nós, devemos ver o amor de Deus e agradecer-Lhe porque nos criou para sermos como Ele, Deus.
Que o Natal nos anime a todos na fé de seguir, servir, amar e louvar aqui e para sempre o Deus que Maria trouxe no seu ventre, deu à luz em Belém e é o Senhor de toda a história e de todos os homens.
É Natal, alegremo-nos e rejubilemos porque somos para Deus o melhor que ele tem, porque somos para Deus a obra mais preciosa e Ele não nos deixa ficar pelo caminho, quer levar-nos para a casa onde um dia nasceremos depois da morte, como Ele nasceu no Natal em Belém.
A todos, santas e alegres festas do Natal de Cristo nosso Deus, Redentor e Criador.
Que assim seja.
”In Alegrai-vos! Homilias do Frei Silvino - "Solenidade do Natal(I) - Somos o melhor que Deus tem!"
Dezembro 2008
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Gabriel Ançã
Gabriel Ançã nasceu em Ílhavo, a 8 de janeiro de 1845, filho de pais muito humildes. Apesar de ter frequentado a escola do Professor Ratola, optou por seguir a vida de seu pai, João José Ançã, que era pescador. Desde muito novo que Gabriel Ançã começou a dar provas da sua valentia, nadando descontraidamente na praia da Costa Nova, relando sempre bom fôlego. Com 18 anos fez a travessia do rio Tejo a nado. Mas um ano antes, nesse mesmo rio, mostrou as suas capacidades. Trabalhava entao numa barca inglesa que encalhou e socorreu quantos naufragaram, incluindo uma criança.
Com 19 anos já era Arrais. Por esta altura salvou 35 náufragos de um barco que virou na Costa Nova. Mas o resgate porque ficou conhecido deu-se em outubro de 1880. o vapor frances "Natave" naufragou a 2 Kms da Praia da Torreira. Apesar da fúria das águas do mar, Gabriel Ançã conseguiu sozinho salvar 17 pessoas. Por esse feito recebeu uma medalha, entregue pelo Conselheiro Manuel Firmino. Durante a sua vida salvou 123 pessoas.
Em 1886 foi condecorado pelo Rei D. Luís, com medalha de outro para a distinção e prémio concedido ao mérito, Filantropia e generosidade.
Morreu em fevereiro de 1930, com 85 anos de idade, tranquilo em sua casa, mas triste porque nunca mais iria ver o mar.
Gabriel Ançã, homem sem cultura, nasceu para lutar contra o mar e nunca voltou a cara ao perigo. Costumava dizer que o mar é cobarde pois ataca quase sempre pelas costas. Foi uma pessoa que nunca se preocupou com os bens materiais, preocupando-se mais com os outros da sua classe do que, muitas vezes consigo próprio.
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Donzília Pataias
Donzília Pataias nasceu a 28 de maio de 1943, em Chorosa - Febres, Cantanhede, onde estudou até à 3.ª classe. Com apenas quinze anos decidiu enveredar pela Vida Religiosa, ingressando no Noviciado, na Congregação das Religiosas do Amor de Deus, em Coimbra, onde permaneceu três anos e fez os seus primeiros votos aos dezoito anos de idade.
Seguiram-se dois anos de trabalho intenso em prol de crianças carenciadas num Patronato, em S. João de Ver - Santa Maria da Feira, de onde partiu para S. Nicolau, em Cabo Verde, para abraçar mais uma missão de solidariedade junto de meninas carenciadas e órfãs. As Irmãs lecionavam no Orfanato e ensinavam outras tarefas domésticas, como bordar ou cozinhar, preparando aquelas meninas para um futuro melhor. Este foi um trabalho muito compensador para a Irmã Donzília, por aí encontrar felicidade nos rostos daquelas crianças cujo único suporte familiar era a Instituição.
De regresso à Terra Natal, a Irmã Donzília foi trabalhar para a Casa de Infância Dr. Elísio de Moura, em Coimbra, que acolhia bebés órfãos até aos três anos de idade, mas, apenas um ano volvido, foi destacada para o Colégio de Vila Nova de Celes, em Angola.
Aqui havia crianças a estudar até ao 9.º ano de escolaridade e competia-lhe tomar conta dos recreios, das roupas e da vigilância dos testes. Chegou também a ser responsável pela cozinha, mas a sua determinação e espírito empreendedor levaram-na a ir mais longe, à procura das crianças que não podiam frequentar o Colégio para lhes dar aulas (1.º e 2.º anos), uma formação sobretudo humana, que de outra forma não conseguiriam obter.
Quatro anos depois, regressa à Casa de Infância Dr. Elísio de Moura, onde permanece mais seis anos, desempenhando as mesmas funções de antes.
Os seis anos seguintes foram ocupados como Encarregada Geral do Lar das Internas, em Valpaços (Vila Real), que tinha como principal função cuidar de filhas de emigrantes, que aí encontravam o ambiente familiar que lhes faltava na ausência dos pais.
O primeiro contacto com a Terceira Idade aconteceu em Vila Viçosa, Alentejo, num Lar que congregava as valências: Crianças, Jovens, Idosos e Centro de Dia, experiência que muito contribuiu para as funções que mais tarde veio a desempenhar no Lar de S. José, uma das valências do Património dos Pobres de Ílhavo destinada a acolher idosos em regime de internamento e Centro de Dia.
Após dez anos como Encarregada Geral do Lar S. José, catorze de vivência nesta casa e depois de celebrar o 50.º aniversário de vida religiosa, a Irmã Donzília orgulha-se do trabalho humanitário desenvolvido junto dos idosos, procurando dar-lhes tudo aquilo que necessitam: "uma palavra amiga, um sorriso, o enxugar das lágrimas, o reconforto humano e espiritual".
Dezembro 2010
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Jacinta
Nascida a 26 de maio de 1971, na Freguesia da Gafanha da Nazaré, Município de Ílhavo, Jacinta iniciou o seu percurso musical com apenas 4 anos de idade, tendo a sua primeira atuação pública ocorrido em 1982, ao cantar em dueto vocal com a sua irmã.
Determinada em enveredar pelo mundo da música, ingressou no Conservatório de Aveiro em 1983. Sete anos mais tarde começou cantar a solo músicas dos Beatles, Simon & Garfunkel, Sérgio Godinho, Rui Veloso, entre outros. O estudo da música clássica em piano e composição foi posteriormente aprofundado com a Licenciatura em Música na Universidade de Aveiro, iniciada em 1990.
Jacinta integrou vários grupos como cantora e instrumentista, chegando a liderar o grupo de Rock Sinfónico Doce Caos (1991). No entanto, foi no mundo do jazz que a sua energia musical encontrou plena expressão. Aos 22 anos uma excelente atuação de jazz vocal no programa Chuva de Estrelas, imitando Ella Fitzgerald com os temas Summertime e Night and Day, impulsionou a sua carreira como cantora, começando a ser solicitada para inúmeros concertos a partir de então.
Em 1997 Jacinta mudou-se para Nova Iorque com vista a frequentar a “Manhattan School of Music”, onde foi premiada com uma bolsa de estudos para realização de Mestrado em Jazz Vocal.
Em 2001, a convite do trompetista/produtor Laurent Filipe, Jacinta apresentou-se ao vivo com o projeto "Tributo a Bessie Smith". Após a sua aparição em publico, Jacinta foi considerada pela crítica Portuguesa como uma das grandes vocalistas do momento.
O programa Cinco Minutos de Jazz, de José Duarte, da Antena 1, distingue-a como Musico Revelação do Ano e define-a como a cantora de jazz portuguesa.
Jacinta é a primeira cantora portuguesa a gravar para a etiqueta Blue Note. O disco "Tribute to Bessie Smith" torna-se o 1º disco de ouro de jazz português, atingindo o 7º lugar no top nacional de vendas.
Em 2005, na ante estreia o seu novo trabalho, Day Dream, com o quarteto do norte-americano Greg Osby, Jacinta evidencia-se num jazz mais complexo e arrojado, levando a efeito, no ano seguinte, sete concertos no jardim de inverno do Teatro S. Luiz, na rúbrica "Jacinta canta Brasil", sempre com lotação esgotada. O lançamento de Day Dream, na Blue Note/EMI ocorre igualmente nesse ano, culminando com uma digressão nacional por dezenas de palcos, de 4 de outubro a 2 de dezembro.
Com uma carreira plena de sucessos, em 2007, inicia Produção Própria de Agenciamento e Management e é nomeada como «melhor jovem artista de jazz da Europa» pelos 20 editores europeus da revista Reader's Digest, altura em que produz e lança o seu terceiro disco "Convexo, a música de Zeca Afonso".
No ano de 2008, Jacinta realizou em Portugal uma Tournée de Jazz, com 20 concertos de Norte a Sul do Pais, com o projeto "Convexo".
Junho 2008
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Joana Pontes
Nascida a 6 de abril de 1984, em São Salvador, Município de Ílhavo, esta jovem munícipe frequentou a Escola Primária da Cale da Vila e realizou o Ciclo Preparatório na EB 2,3 da Gafanha da Nazaré.
No verão de 1996, com apenas doze anos, constituiu e dirigiu o "Clube da Leitura", projeto que teve lugar no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré e que visava uma melhor e mais saudável ocupação dos tempos livres de crianças e jovens com carências económicas.
Concluído o Curso Tecnológico de Animação Sociocultural (Ensino Secundário), ingressou, em 2004, no Instituto Superior Politécnico Gaya para se licenciar em Intervenção Social e Comunitária.
Por iniciativa própria e na qualidade de sócia da Associação Tampa Amiga, Joana Pontes desenvolveu o Projeto "Vamos pôr esta ideia a Andar", alimentado pela recolha de tampas de plástico para aquisição de Ajudas Técnicas para Instituições do Município de Ílhavo. Esta notável e meritória iniciativa, à qual a Câmara Municipal de Ílhavo se associou, e na qual colaboraram dezenas de pessoas anónimas, estabelecimentos comerciais, Escolas e outras instituições do Município e também de fora dele, deu os seus primeiros frutos quando, em janeiro de 2008, Joana Pontes, após a recolha de cinco toneladas de tampas para reciclar, conseguiu assegurar a entrega de duas cadeiras de rodas à Fundação Prior Sardo e ao CASCI.
Mas, Joana Pontes abraçou ainda outras causas: em dezembro de 2005 dinamizou uma Campanha de Recolha de Brinquedos e VHS para o Hospital Pediátrico de Coimbra e para a Pediatria do IPO do Porto e, em dezembro de 2006, colaborou na campanha "Vamos aprender a semear sorrisinhos" em beneficência da Associação Porta Aberta (Palmela).
Licenciada em Serviço Social desde novembro de 2008, Joana Pontes realizou o Curso de Mediadora EFA no Instituto Português da Juventude de Aveiro, assim como a Pós-Graduação em Psicogerontologia Social no ISCIA - Aveiro.
Durante o seu percurso de vida, esta jovem enfrenta um Raquitismo Hipofosfatémico, já ultrapassou uma Tuberculose e uma Anorexia, mas a sua perseverança e o seu dinamismo nunca a impediram de concretizar os seus sonhos, fazendo dela um exemplo de coragem que a motivam para intervir no âmbito social sempre com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos que a rodeiam.
Julho 2009
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João Ângelo Pinho
Natural da Freguesia de Macieira de Sarnes, Concelho de Oliveira de Azeméis, o Prof. João Ângelo Pinho nasceu em 1938, na casa dos avós maternos, tendo ali passado a sua meninice até completar o Ensino Primário (antiga 4ª classe). Órfão de pai aos 5 anos de idade, rumou para Lisboa a fim de frequentar o Ensino Secundário.
Posteriormente, concluiu o curso de professor na Escola do Magistério Primário do Porto (1960), iniciando funções docentes no ensino primário em S. João da Madeira. Frequentou também, durante algum tempo, a Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
Chamado ao serviço militar em 1961, foi mobilizado para a ex província ultramarina de Angola, onde permaneceu entre julho de 1963 e outubro de 1965.
Após a sua passagem à disponibilidade, reiniciou funções docentes no Concelho de Santa Maria da Feira, mais precisamente em dezembro de 1965.
Por ser neto de Ilhavenses, pela via paterna, e por ser filho de professor, classe a que sempre se orgulhou de pertencer, fixou residência na Cidade de Ílhavo em agosto de 1966. Lecionou então na Gafanha da Boa Hora, Gafanha da Nazaré (Cambeia) e, mais tarde, em setembro de 1971, foi transferido para a ex-Escola n.º 1 de Ílhavo. Ainda exerceu funções docentes na Escola Preparatória Bento Carqueja (Oliveira de Azeméis), onde foi responsável pela implementação do Ciclo Preparatório na Vila de Cucujães (1973-75). Regressado a Ílhavo, foi nomeado, em 1976, Delegado Escolar do Concelho, funções que exerceu durante 19 anos, tendo igualmente exercido o cargo de Vereador da Câmara Municipal de Ílhavo nos anos de 1978 e 1979.
Encarregado de educação de três filhos e defensor do direito a uma educação íntegra dos jovens, desempenhou um papel preponderante nas Associações de Pais durante 12 anos, tendo sido igualmente cofundador da Associação de Pais da Escola Preparatória de Ílhavo. Foi eleito para os órgãos diretivos daquela Associação e da Associação de Pais da Escola Secundária de Ílhavo de 1981 a 1992, representando a mesma na Federação Regional de Aveiro e na Confederação Nacional de Associações de Pais.
Sócio-fundador da Associação Nacional de Professores, dinamizou e contribuiu para a implementação da Secção de Ílhavo desta Associação em 1985, fazendo ainda hoje parte dos órgãos dirigentes da mesma a nível local e nacional.
Aposentado desde 1995, o Prof. João Ângelo Pinho continua a dedicar o seu tempo livre à Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo, Instituição à qual se encontra ligado desde 1982 e à busca incessante ao saber, dedicando-se à leitura e procurando inteirar-se das virtudes das novas tecnologias, com recurso à Internet.
Inquestionavelmente, estamos na presença de um Homem para quem o lema de vida foi e continua a ser "o saber não ocupa lugar!"
Outubro 2007
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João Carlos Gomes
João Carlos Gomes nasceu em Ílhavo a 15 de outubro de 1836 e foram seus pais Vitória Umbelina de Oliveira e Manuel José Gomes.
Tendo feito exame de instrução primária a 16 de junho de 1844, estudou depois os restantes preparatórios para os cursos superiores, em que obteve as melhores classificações. Em outubro de 1885 matriculou-se em farmácia na Academia Politécnica do Porto, onde efetuou o ato de Química a 1 de julho de 1856, de Botânica a 26 de junho, de Agricultra a 3 de julho de 1857 e de Farmácia a 11 de julho de 1859.
Interesses de família e o amor que consagrava ao seu torrão natal fizeram com que se estabelecesse em Ílhavo, onde viveu sempre.
Em 1863 é eleito vereador da Câmara de Ílhavo e em 25 de fevereiro do mesmo ano nomeado administrador do concelho, lugar que exerceu até 1865, voltando a desempenhar as mesmas funções em 1871 e em 1877. Durante muitos anos serviu de presidente da comissão do recenseamento eleitoral e representou o seu concelho na Junta Geral do Distrito.
Como era estimadíssimo, foi sempre grande influência eleitoral. Este preclaro ilhavense do séc. XIX foi durante muitos anos o chefe do Partido Progressista de Ílhavo e um dos mais valiosos sustentáculos deste partido no distrito. Pela sua intransigência política, teve de encobrir-se para fugir à perseguição dos seus adversários, a passar inclemências e a contrair a tuberculose que, passados poucos anos o vitimou, tendo falecido a 14 de novembro de 1886.
Sendo homem integro, por tudo se sacrificou, servindo-se mesmo dos seus próprios haveres, pelo que a sua família ficaria destroçada e arruinada no final do século.
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João da Madalena
Foi no dia 20 de março de 1922, na Rua Carlos Marnoto, em Ílhavo, que nasceu João Orlando Rodrigues da Madalena.
Com apenas 6 anos de idade, a sua família viu-se obrigada a mudar de casa por força do falecimento do avô, ficando o pai encarregue pela mercearia que era propriedade daquele.
É aqui que, graças a muitos clientes bons executantes de instrumentos de cordas, João da Madalena começa a sentir vocação para a música, dedilhando, principalmente, viola e cavaquinho.
Em 1934 matriculou-se na Escola Comercial e Industrial Fernando Caldeira, em Aveiro, vindo a concluir o seu curso quatro anos mais tarde. Seguiu para o Porto onde frequentou o Curso Complementar, que completou em 1943.
João da Madalena ingressou na Carreira das Finanças, em 1942, como Auxiliar da Fazenda Pública de Pombal. Vários cargos se seguiram numa carreira de 44 anos, ascendente e exemplar, que terminou a 1 de maio de 1986, como Perito de 1ª Classe da Direção Geral das Contribuições e Impostos.
Apesar do seu grande empenhamento na carreira profissional, este ilhavense nunca se alheou da Música. Das suas influências musicais há dois nomes a reter: António Gil Rodrigues, seu tio, que era um notabilíssimo executante de viola e Guilhermino Ramalheira, que foi seu professor de Música e de quem recebeu muitos ensinamentos. João da Madalena foi compositor e violinista de diversas orquestras, nomeadamente no Porto, onde frequentou o Conservatório de Música, e em Aveiro, Ílhavo, Vagos e Mira, localidades onde exerceu funções como funcionário das Finanças.
Durante a sua estadia no Porto, João da Madalena compôs e ensaiou diversas festas estudantis, podendo ser destacada a "Revista em 2 Atos e 20 Quadros", cuja récita intitulada "É P’ra Já" foi exibida no Teatro Sá da Bandeira. Mais tarde, colaborou com os famosos Professores Guilhermino Ramalheira e José Pereira Teles, musicando e ensinando algumas peças, tendo-se deslocado a Lisboa com um maravilhoso carro alegórico (uma caravela) para representar Ílhavo nas Festas Centenárias daquela Cidade, em 1947.
A gravação do disco de Ílhavo aconteceu em 1959 e é hoje considerado Património Cultural desta Terra, pois inclui a famosa Canção de Ílhavo, assim como outras, como é o caso de uma intitulada "Por Ti", de sua autoria, que dedicou a sua namorada, e mais tarde esposa, Noémia.
João da Madalena compôs Marchas de S. João para Ílhavo, Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo, assim como para os concelhos limítrofes. Fazem também parte do seu repertório várias melodias para Festivais, das quais podemos salientar nomes como "Anseio" e "Admirando", bem como um Hino feito para o Illiabum Clube.
Foi galardoado com diversas medalhas e diplomas por mais de 20 Instituições do Concelho de Ílhavo e homenageado pela Câmara Municipal com a Medalha do Concelho em Vermeíl, aquando das Comemorações do Feriado Municipal, em 2003.
Faleceu a 16 de junho de 2010.
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João de Almeida
João de Almeida nasceu a 2 de junho de 1920, na Vista Alegre, Concelho de Ílhavo.
O gosto pelas artes logo lhe correu nas veias revelando, desde cedo, especial aptidão para o teatro, para a música, para o desenho e para a pintura.
No teatro desempenhou uma vivência rica, ora como ator, ora como encenador, tendo inclusive colaborado na elaboração de cenários. A sua paixão pela arte de representar nasceu tinha apenas 9 anos por influência da família, especialmente de seu pai e tios, que eram atores. A sua íntima relação com esta arte de palco foi inevitável já que o pai o levava frequentemente a assistir aos ensaios e quando surgiam personagens da sua idade, era imediatamente convidado a integrar o elenco. Foram várias as peças de teatro onde desempenhou o papel principal e que o marcaram, entre as quais "As Rosas de Nossa Senhora" e "Cama, mesa e roupa lavada".
João de Almeida, defensor das artes, ligou-se também à música, dando o seu contributo na Banda da Vista Alegre. Verdadeiro literato, editou diversos livros dos quais podemos salientar títulos como "Poemas", "Luz branca do Luar!… Memórias", "Feira dos Treze, da Ermida e do Bispo", "Teatro, "História da Filarmónica", "As Corridas de Touros na Vista Alegre", "Os Bailes nas Eiras", entre outros. Desta forma, deixa um importante legado aos mais novos sobre factos que só na memória dos mais velhos ficaram registados: o modo de vida das pessoas do antigamente, as suas privações, mas também as coisas boas que se fizeram nos tempos da sua juventude.
A pintura é outra das paixões deste ilhavense. João Cazaux e Duarte Magalhães foram os seus mestres, dois excelentes pintores, com quem muito aprendeu.
João de Almeida trabalhou durante 54 anos na Fábrica da Vista Alegre, onde executou trabalhos de grande rigor e qualidade. Mais tarde, já reformado, deixou escorrer para a tela ou para o papel a sua criatividade, inspirado sobretudo na Natureza.
Na rosa dos ventos deste ilhavense, o teatro, a música, o desenho e a pintura constituem os principais pontos cardeais da vida de um homem multifacetado que tem na Arte o denominador comum a tudo quanto se entrega, de alma e coração.