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A Nossa Gente
Falar da Nossa Gente é trazer à memória algumas figuras relevantes da nossa Terra.
Naturais do Município de Ílhavo, ou embora não o sendo, assumiram este como seu, destacaram-se ou destacam-se, deixando o seu legado em diferentes áreas. Mesmo correndo o risco de não serem todas citadas, deixamos aqui uma lista dos vultos que mais exerceram influência na sociedade ilhavense.
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Dinis Emanuel C. Rocha Ramos
Natural da Gafanha da Nazaré, Noca, como é carinhosamente conhecido por todos, e como gosta de ser tratado, nasceu no dia 4 de julho de 1975, revelando desde cedo uma forte ligação às bicicletas.
Licenciado em Design, pela Universidade de Aveiro, Noca Ramos estudou igualmente Arquitetura no Porto, perseguindo o sonho de projetar ideias. Mas foi há quatro anos que a sua vida mudou quando passou a conciliar a sua área profissional à paixão de menino, idealizando e criando bicicletas totalmente personalizadas. Tudo começou com a sua primeira obra de duas rodas: nas primeiras bicicletas que fez, este jovem sonhador focou-se mais na personalização dos quadros e no acrescentar de componentes escolhidos a dedo, depois começou a estudar geometrias de quadros e, mais tarde, já estava a escolher tubos para dar corpo a uma geometria previamente definida.Depois de reunidas todas as peças, Noca “fecha-se” na garagem para montar o puzzle que, quando completo, é absolutamente original, fruto de um projeto exclusivo pelo qual se apaixonou antes. O que Noca não esperava é que as suas criações corressem mundo, muito graças à Internet, gerando uma legião de administradores.
Mas, apesar do sucesso, este jovem empreendedor resiste à tentação de industrializar o produto que lhe sai da mente e das mãos. “Tenho de me apaixonar pelo projeto para o abraçar e só me dedico a uma bicicleta de cada vez. Não quero fazer bicicletas em série porque isso era estar a afastar-me da minha paixão”, confessando o seu lado mais sonhador e romântico. É aliás enquanto pedala sobre duas rodas que sonha e lhe surgem novas ideias e soluções, que aplica com carinho em cada uma das bicicletas que concebe. E aos poucos as “minhas bicicletas”, como o Noca as descrevia, foram dando lugar ao “myBikes”.
Graças a este seu projeto, Noca tem participado em diversas palestras que versam sobre a temática do empreendedorismo, como foi o caso das Jornadas da Juventude 2013 promovidas pela Câmara Municipal de Ílhavo, dando a conhecer o seu lado mais simples e apaixonado, porque da mesma forma que um alfaiate, epíteto que já lhe foi atribuído, transforma a mais simples matéria-prima na mais estilizada indumentária, também ele, fruto de uma prodigiosa imaginação, de uma arrebatadora paixão, a somar ao estudo inflamado de ângulos e da geometria, cria máquinas que coabitam em perfeita harmonia com o ambiente.
Noca Ramos é um criador de peças exclusivas e personalizadas, cujo lema de vida é “um homem nunca tem demasiadas bicicletas, mas sim pernas a menos”.
Junho 2013
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Armando José Rocha Grave
Natural de Vagos, Armando Grave nasceu em 1968. Filho mais novo de uma família com laços à Vista Alegre, onde já trabalhavam o seu pai e outros seus dois irmãos, iniciou com 14 anos o curso da Aula de Desenho da Vista Alegre, em 22 de novembro de 1982, onde desenvolveu as suas capacidades artísticas durante três anos com o Pintor Mário Catarino.
Em janeiro de 1985, entrou para a Aula de Pintura, com a categoria de Aprendiz de Decorador do 1.º ano, onde teve como professores o Mestre Armando Pimentel e, mais tarde, o Pintor Humberto Gaspar. Foi promovido a Pintor de 2.ª em janeiro de 1990. Em 19 de novembro de 1991, entrou para a chamada Pintura I, onde teve como Encarregado responsável pela continuação da sua formação o Pintor António Ribeiro e, mais tarde, após a reforma deste, o Pintor Rogério Catarino.
Dois anos depois foi promovido a Pintor de 1.ª. Sob a orientação dos referidos Encarregados, continuou a sua formação tendo sido promovido a Pintor Altamente Especializado em janeiro de 2001. Em dezembro do ano seguinte foi transferido para o Departamento da Pintura da Manufatura. Aqui passou a executar a pintura das Séries Especiais numeradas, sob a orientação do Pintor Paulo Almeida e, mais tarde, do Pintor Rogério Catarino, quando este ficou responsável por esta área, executando trabalhos de grande complexidade, pintando com elevado grau de qualidade as Aves de Caça das Séries Especiais ou peças decorativas de grande impacto para encomendas especiais.
Responsável pelo Departamento de Pintura da Manufatura desde 2008, Armando Grave deixa nas suas peças de cerâmica o rasto da sua inconfundível arte e da sua rara capacidade de criar beleza.
Julho 2013
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Leonilde Morgado da Rocha
Leonilde Rocha nasceu a 3 de setembro de 1921 em Vale de Ílhavo. Filha de mãe padeira, estudou na Escola de Vale de Ílhavo e na Escola da Ermida, sonhando vir a ser um dia costureira. Mas quis o destino que ela seguisse os passos da “Mãe Lai”, como carinhosamente a lembra.
Com apenas dez anos de idade perdeu o pai e abandonou os estudos para acompanhar a sua mãe, ajudando-a na confeção e na venda dos famosos e saborosos folares e padas de Vale de Ílhavo. Ainda muito pequena levantava-se às 5 horas da madrugada para amassar a farinha e levar o pão ao forno. Pelas 7 horas saía de casa rumo a Ílhavo para o vender. No Inverno, quando ainda estava “lusco fusco”, socorria-se de uma pinha a arder para “iluminar” o caminho, que, segundo Leonilde, era “medonho”.
Tudo era diferente naquele tempo: não havia estradas, mas caminhos repletos de silvas e lama, que eram grandes inimigos dos seus pés descalços. “Apanhava tanto cieiro nas pernas por causa do frio, mas gostava muito de ir. Eram tempos muito difíceis, principalmente os da guerra!”, recorda Leonilde. Nos primeiros tempos, Leonilde ia a pé para Ílhavo, com a canastra à cabeça para vender às portas, “às senhoras”, seguindo depois para o Mercado para vender o resto do pão. Mais tarde era habitual vê-la de bicicleta, com os cestos cheios de pão, a percorrer as ruas da Cidade. Hoje, com quase 92 anos, Leonilde faz pão ao sábado com a ajuda da filha e só para consumo da família e dos amigos.
Sentada na sua cadeira, em frente ao forno a lenha, vai supervisionando cada fornada e recordando o tempo da sua juventude em que ia para aos pinhais apanhar lenha que iria ser usada para cozer o pão durante a noite, quando fazia teatro ou quando escrevia poemas aos rapazes. E tem tanto para contar! Leonilde Rocha é a mais antiga padeira de Vale de Ílhavo, curiosamente vizinha da Estátua de Homenagem à Padeira, que simboliza todas padeiras que diariamente amassam, tendem e levam ao forno a lenha o famoso pão, numa arte tão digna e especial como é a da proverbial confeção do pão e do folar de Vale de Ílhavo.
Agosto 2013
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José Soares Lourenço
Nascido a 14 de julho de 1923, em Valongo do Vouga, o Padre José Lourenço aí viveu a sua infância com os seus pais e sete irmãos. Foi ordenado, em Vagos, a 13 de julho de 1947, por D. João Evangelista de Lima Vidal, primeiro Bispo da restaurada diocese de Aveiro. Celebrou a “Missa Nova” em Valongo do Vouga, terra natal do novo presbítero, a 3 de agosto do mesmo ano, sendo colocado de seguida em Ílhavo. Aqui permaneceu cerca de seis meses, sendo pároco o Padre Alberto Tavares de Sousa.
Seguiu-se uma passagem pela Murtosa, como coadjutor e, tendo falecido o pároco, Padre Miguel Henriques, a paroquialidade foi entregue ao Padre Lourenço, coadjuvado pelo Padre Manuel Rei Oliveira, entretanto nomeado para o auxiliar. Nomeado, entretanto, capelão da Gafanha do Carmo, para aí se deslocou, assumindo também as funções de coadjutor da Gafanha da Encarnação, com serviço na Costa Nova. Aquando da formação da Paróquia da Gafanha do Carmo, o Padre José Lourenço foi o seu primeiro pároco, dando mais uma vez a sua preciosa colaboração na Paróquia de Ílhavo, através das visitas regulares aos doentes. Após trinta e nove anos na Paróquia da Gafanha do Carmo, foi colocado em Silva Escura, no Concelho de Sever do Vouga, onde permaneceu dez anos. Seguiu-se a colocação em Águeda, como vigário paroquial.
Mais tarde, regressa à Cidade de Ílhavo, colaborando com o saudoso Padre Urbino de Pinho, tendo sido nomeado Administrador Paroquial na sequência da doença e do falecimento do referido sacerdote, aqui exercendo a sua atividade pastoral numa relação de proximidade com a Comunidade. Dono de um espírito afável e determinado, o Padre José Soares Lourenço conta já com uma longa e preenchida história de 90 anos, digna do nosso reconhecimento e homenagem.
Setembro 2013
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Valdemar Aveiro
Valdemar Aveiro nasceu em Ílhavo, a 19 dezembro de 1934, no seio de uma família de pescadores. Terminada a instrução primária, começou a trabalhar como aprendiz de barbeiro. Passados dez meses empregou-se numa oficina de serralharia e, mais tarde, na construção civil. Em 1950, então com 15 anos, concorreu à Escola Profissional de Pesca em Lisboa, onde frequentou um curso de formação técnico profissional, ministrado aos futuros pescadores de dori. Durante o curso ganhou uma bolsa de estudo que lhe permitiria mais tarde tirar o Curso Geral dos Liceus e seguir depois para a Escola Náutica.
Entretanto fez uma viagem à pesca do bacalhau, na condição de Moço, a bordo do lugre motor “Viriato”, da praça de Lisboa. Chegado de viagem, em outubro de 1951, iniciou a sua vida académica em Lisboa, com residência no Stella Maris, zona de Belém, obra criada pelo Dr. Constantino Varela Cid e um grupo de amigos, para apoio aos marinheiros estrangeiros em trânsito ou aguardando embarque. Uma vez terminado o Curso Geral do Liceu, seguiu para a Escola Náutica, tendo concluído o Curso de Pilotagem em julho de 1957 e embarcado de seguida a bordo do arrastão Santa Mafalda, da Empresa de Pesca de Aveiro, como Praticante de Piloto.
No ano seguinte foi promovido a Piloto a bordo do mesmo navio, passando a Imediato do arrastão Santa Joana em 1960. Emigrou para o Canadá em 1964, na persecução de se licenciar em Medicina, um sonho que não logrou cumprir, tendo regressado a Portugal em outubro de 1965. Em 1966 embarcou como imediato no arrastão São Gonçalinho para, no ano seguinte, mudar para um navio moderno, o Santa Isabel, comandado pelo Capitão David Calão. Em 1970 assumiu o comando do mais velho arrastão português, o Santa Joana, e, dois anos depois, foi convidado para comandar o arrastão Coimbra, então em construção nos Estaleiros de S. Jacinto. Em agosto de 1988 retirou-se definitivamente por doença.
Depois de recuperado, foi convidado a colaborar com a Administração da Empresa de Pescas de S. Jacinto, sendo, desde 1991, membro do seu Conselho de Administração, lugar que ainda ocupa na atual data. Autor de um opúsculo escrito em 1970, “Os Ílhavos e as suas origens”, publicou posteriormente três livros memoriais sobre a pesca do bacalhau, que ilustrou com expressivas fotografias. São eles “80 Graus Norte”, “Histórias Desconhecidas dos Grandes Trabalhadores do Mar” e “Murmúrios do Vento”, preciosos testemunhos da vida a bordo dos navios em faina nos mares setentrionais, vida que viveu intensamente, bem à sua maneira e a seu gosto, em equipa, em família, com a sua tripulação, como faz questão de realçar.
Dezembro 2013
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Amorosa Oliveira
Natural de Nariz, Concelho de Aveiro, Amorosa nasceu a 9 de julho de 1962, tendo desde muito cedo revelado uma forte ligação às artes, sobretudo à dança. Após a conclusão do 6.º ano de escolaridade, apenas com doze anos de idade foi trabalhar como doméstica, começando pouco tempo depois a aprender a costurar.
A confeção de peças de vestuário por conta própria passou a ser a sua profissão, que ainda mantém nos dias de hoje. Mas, a maior parte do seu tempo é dedicada à dança. Amorosa sempre gostou de “dar um pezinho de dança” e foi num baile que conheceu o homem com quem veio a casar, António Bem Oliveira, mudando-se para Ílhavo, em 1986. Ambos aficionados pelas danças de salão, decidiram frequentar aulas na Banda da Amizade, em Aveiro. Dois anos depois, e estando ambos ligados à Coletividade Popular da Coutada (António Oliveira já era Presidente de Direção), optaram por levar a modalidade para a Associação, tendo como parceira a A.C.D. “Os Ílhavos” na cedência do espaço.
Amorosa assumiu a direção da secção de dança, mas com a abertura de uma segunda turma foi incentivada pelo monitor a ensinar a modalidade. Este foi o ponto de partida para os diversos convites que foram surgindo para dar aulas de danças de salão noutras Coletividades e Associações fora do Município de Ílhavo, fazendo do ensino de danças de salão a sua principal ocupação. Mas a competição também faz parte da sua vida. Dois anos após a criação da secção de dança na Coletividade Popular da Coutada, Amorosa e António Oliveira começaram a competir no escalão de seniores, alcançando a meta a que se tinham proposto: vencer a categoria de Intermédios, nas vertentes “Clássicas” (Tango, Valsa, etc.) e Danças Latinas (Chá-Chá-Chá, Passo Doble, Rumba, etc.).
Atualmente o casal continua na competição em danças clássicas, mas com menos regularidade. Dos vários projetos ligados à dança, Amorosa destaca o intenso e gratificante trabalho que realizou durante dois anos com os utentes do CASCI e o projeto do Movimento Maior da Câmara Municipal de Ílhavo, que abraçou desde o primeiro momento, ensinando aos maiores de 60 anos diferentes estilos de dança.
Mais recentemente, em 2010, aceitou o convite para colaborar com a Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo e, aproveitando o facto de ser monitora de Danças de Salão, Amorosa passou a frequentar as aulas de fotografia, um dos seus grandes hobbies, a par com a pintura e com o artesanato a que também se tem dedicado, empregando em tudo o que faz e com quem faz uma grande dose de entusiasmo e dinamismo, características que tão bem a qualificam.
Janeiro 2014
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António Lau
Natural de Ílhavo, António Lau nasceu a 24 de agosto de 1962. Depois de residir cerca de três anos em Almada, regressou a Ílhavo, em 1969, ingressando pouco tempo depois na Alcateia do CNE - Agrupamento 189 de Ílhavo, como aspirante a Lobito. Em outubro desse mesmo ano, iniciou a 2.ª classe na Escola Primária n.º 2 da Senhora do Pranto que frequentou até concluir a 4.ª classe.
Seguiu-se o Ensino Preparatório em Ílhavo e depois o Liceu Nacional de Aveiro (atual Escola Secundária José Estêvão) onde concluiu o Ano Propedêutico. Aos 18 anos de idade ingressou na Universidade de Aveiro, onde se formou em Engenharia, embora tenha trabalhado durante pouco tempo na área da sua formação académica, dedicando-se desde então aos Sistemas de Gestão da Qualidade. Assumiu os cargos de Diretor e Gerente em duas empresas multinacionais de 1990 a 1993 e 2000 a 2007, ano em que optou por trabalhar por conta própria como Auditor, Consultor e Formador, funções que sempre desenvolveu em segundo plano. Ligado ao meio escutista desde tenra idade, António Lau passou por todas as secções até fazer a Promessa e Investidura como Dirigente (7 de março de 1982).
Manteve-se no Agrupamento 189 até finais de 1987 e, em 1988, juntamente com outros dirigentes e escuteiros e com o apoio do Padre Manuel Lé, do então Chefe Regional de Aveiro e do Departamento Nacional de Escutismo Marítimo, fundou o Agrupamento Marítimo 878 na Costa Nova, do qual é Chefe de Agrupamento desde a fundação. No Corpo Nacional de Escutas e enquanto Dirigente, o Chefe Lau tem desempenhado diversas funções, tanto a nível local, como regional e nacional, destacando-se a coordenação do Acampamento Municipal de Escuteiros, que envolve os seis agrupamentos do Município de Ílhavo e que se realiza no âmbito da +Eco/Semana do Ambiente e que tem alcançado um enorme sucesso.
António Lau, dono de um olhar que ganha nova vida quando fala do seu envolvimento no mundo escutista, é um verdadeiro condutor de Jovens, empenhado construtor da Cidadania Ativa, um acérrimo defensor da sua terra e um líder para os seus pares e para as novas gerações.
Fevereiro 2014
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João Manuel Torrão
João Torrão nasceu a 3 de março de 1964 em Vale de Ílhavo. Após a conclusão do ensino básico na Escola Primária de Vale de Ílhavo, frequentou o 5.º ano na Escola Secundária de Ílhavo (atual Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes) e o 6.º ano no Externato de Ílhavo, voltando, no ano seguinte, à Escola Secundária onde terminou o 9.º ano.
O seu percurso profissional teve início na Fábrica da Vista Alegre, onde trabalhou na descarga da loiça à saída do forno. Dois anos depois, João Torrão foi trabalhar como forneiro na Fábrica de Porcelanas Quinta Nova, na Chousa Nova, onde também permaneceu dois anos. Em 1986, foi trabalhar para a empresa Extrusal, assumindo funções no controlo de qualidade, que mantém até aos dias de hoje.
Desde muito cedo ligado ao Carnaval, João Torrão fazia parte de um grupo de amigos que, em 1974, decidiram organizar a festa da “Queima do Judas”, por altura da Páscoa.A Associação Cultural e Recreativa “Os Baldas” inicia assim a sua atividade, vindo a ser formalmente constituída a 9 de outubro de 1998, sendo João Torrão o Vice-Presidente da Direção e Sócio n.º 2 da Associação. O Carnaval de Vale de Ílhavo começou a ser organizado em 1999, quando as crianças passaram a desfilar ao domingo em Vale de Ílhavo (até então os desfiles ocorriam no Centro de Ílhavo). Nesse ano surge também a “Dança do Santo”. Na presidência da Associação há cerca dez anos, João Torrão continua a viver o Carnaval com um carinho especial, referindo o excelente passo que foi inaugurar, em 2011, a nova Sede da A.C.R. “Os Baldas”, e a construção do pavilhão ao lado da Sede, espaço que funciona desde novembro de 2013 e que permite aos grupos de Carnaval construírem os seus carros alegóricos. João Torrão continua a ocupar grande parte do seu tempo na organização do Carnaval de Vale de Ílhavo, bem como na participação da A.C.R. “Os Baldas” no Festival do Bacalhau, promovendo as famosas padas de Vale de Ílhavo e os saborosos pães com chouriço e com bacalhau.
No entanto, é na organização do Carnaval de Vale de Ílhavo que a Associação a que preside se destaca na apresentação pública de figuras típicas integradas em corsos carnavalescos e em representações satirizantes, manifestação popular que é já parte integrante do movimento associativo do Município de Ílhavo.
Março 2014
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Susana Gateira
Nascida a 4 de fevereiro de 1968, na freguesia de S. Salvador, Município de Ílhavo, Susana Gateira cedo manifestou o seu gosto pela arte da tesoura e agulha. Tendo como base familiar a experiência no setor têxtil, cedo denotou interesse particular por todas as fases do processo de produção de vestuário, tendo desde muito cedo começado a fazer para si própria grande parte da roupa que usava.
Com vinte e três anos de idade formou-se em Design de Moda e, dois anos depois, lançou as bases do seu projeto em Aveiro. Nesta fase, a designer Susana Gateira decidiu começar a expor os modelos que criava, todos eles exclusivos, e que estavam sempre relacionados com a área do desporto. Contudo, com o aumento significativo da notoriedade do nome Susana Gateira, e consequente aumento da procura, surgiu a necessidade da criação de uma marca própria para o seu trabalho.
Nasceu assim a marca Susanagateira®, corria o ano de 1997, com o objetivo de apresentar no mercado uma marca de roupa desportiva assente num conceito único e inovador. O reconhecimento do conceito da marca, levou a que no ano de 2000 fosse constituída a empresa Susana Gateira - Produção de Moda, Lda, de forma a dar continuidade ao processo de crescimento e notoriedade da marca.Atualmente, com sede e instalações em Ílhavo, a empresa desta ilhavense assume-se como líder do mercado nacional de roupa para o setor do Fitness, com 8 lojas da marca em Portugal e exportações para cerca de 15 países na Europa, Ásia, Oceânia e África.
Susana Gateira é hoje uma prestigiada criadora de moda desportiva da região, cujo lado empreendedor é um exemplo para quem quer alcançar a excelência do seu negócio.
Maio 2014
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João Aníbal Ramalheira
João Aníbal Ramalheira nasceu a 7 de março de 1953, na Freguesia de S. Salvador, Ílhavo. Embora o seu sonho de menino fosse ser professor do Ensino Primário, tal como o seu pai, quis o destino que João Ramalheira seguisse outro rumo, ingressando na Escola de Regentes Agrícolas de Santarém.
Este ilhavense, que nos finais dos anos 60 tinha formado com alguns amigos o conjunto musical “Jota 4”, resolveu, em conjunto com José Paulo Vieira da Silva, João José Figueiredo Oliveira e José Peixoto, animar as tardes de domingo no Jardim Henriqueta Maia, com o programa “Orbitral 2S”, transmitido da Cabine de Som da Publicidade Vouga – Rádio Faneca (por cima dos antigos serviços do CTT), numa altura em que estávamos ainda longe das Rádios Locais.
Terminado o Curso de Engenheiro Técnico Agrário e de regresso a casa, em 1973, João Ramalheira, organizou, em parceria com outros amigos, os primeiros Festivais da Canção do Illiabum Clube e continuou a tocar, mas como baterista, no conjunto “Jakarandá”. Em 1978, iniciou o seu percurso profissional no Ensino Profissional Agrícola, tendo sido colocado na Escola Secundária de Vouzela, onde lecionou durante dois anos. Seguiramse as Cidades de Portalegre, Setúbal, Évora, Baixa da Banheira, Lisboa e, por fim, Vagos.
Estreitamente ligado à história da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vagos (EPADRV), João Ramalheira foi aí docente e fez parte dos quadros da Direção, acumulando os cargos de dirigente Associativo na Banda dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo - Música Nova e na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, apostando na dinamização da sua Fanfarra (que durante muitos anos esteve inativa). Dono de um espírito dinâmico e interessado, criou, em 1998, a sua página na Internet www.ramalheira.com para divulgar um conjunto precioso de informação sobre o mundo cultural ilhavense, sobretudo da primeira metade do século XX, desde teatro, revista, bem como outros acontecimentos de especial importância histórica.
O bichinho da rádio, que vem desde a sua infância, quando aproveitava as bolas de pingue-pongue para simular os seus microfones e brincava aos discos pedidos, nunca mais o largou. Durante treze anos dinamizou o programa “Flor de Liz” da EPADRV e, aquando do centenário dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, realizou, com Manuel Teles e João Madalena, uma série de 100 programas radiofónicos denominada “Recordar é Viver”, ambos na Rádio Terra Nova. Em 2012, João Ramalheira foi convidado para participar na Transmissão em direto “Ílhavo a Transmitir Alegria”, no âmbito do Festival Rádio Faneca, e mantém, desde 2010, o programa “Musicando”, igualmente na Rádio Terra Nova, mantendo desta maneira a sua intensa ligação ao mundo da Rádio.
Junho 2014
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Geraldo Cirineu
Natural da Gafanha da Encarnação, Geraldo Cirineu nasceu a 5 de junho de 1985. Desde muito cedo que a paixão pelo desenho fez parte da sua vida, apercebendo-se que era isso que queria fazer no futuro. Na adolescência não estava muito seguro do rumo que ia dar à sua vida porque gostava de desenho em geral, mas, com o passar do tempo e à medida que ia crescendo, por volta dos 14,15 anos começou a ser mais exigente com o que vestia, surgindo a ideia de alterar e desenhar algumas peças de roupa.
A avó materna teve um papel muito importante, ajudando e ensinando Geraldo a costurar. Foi nessa altura que surgiu a paixão pela moda e a ideia de se formar em Design de Moda. A partir daí nunca mais parou! Começou a fazer algumas peças para amigos mesmo antes de tirar o Curso, dedicando-se sobretudo à confeção de calças de ganga, peça com a qual mais se identifica. Após a formação de três anos na Escola de Moda do Porto e com mais experiência, acrescentou outras peças de vestuário ao seu trabalho, chegando mesmo a desenvolver coleções para outras empresas.
Em janeiro de 2012, este jovem empreendedor lança a sua marca, a Rasto, dedicada aos amantes de duas rodas. Esta ideia de criar uma marca própria surgiu em conversa com uns amigos que lhe falaram deste nicho de mercado que está em forte crescimento e no qual poderia ter sucesso. Sendo de uma zona do país onde mais se anda de bicicleta, fazia todo o sentido apostar nos seus produtos, todos desenvolvidos por Geraldo Cirineu, desde os desenhos, passando pelos moldes até à confeção. A Rasto conta com uma oferta de coleções limitadas, 100% feitas a mão, como calças de ganga, camisas, polos, t-shirts e bonés, todas elas a pensar no conforto e funcionalidade nas pedaladas do dia a dia, com tecidos elásticos e impermeáveis, bolsos traseiros de fácil acesso, refletores em bainhas e peças com anti odor.
Atualmente, para além da loja online www.rasto.pt, a marca de Geraldo Cirineu conta já com cinco pontos de venda em Portugal e começa a fazer alguma exportação, fruto do trabalho e da perseverança deste jovem alfaiate de 29 anos que desenha roupa... para quem anda de bicicleta.
Julho 2014
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João Manuel Madalena Oliveira
Nascido e criado no Município de Ílhavo, na Freguesia de S. Salvador, João Madalena, como é conhecido, nasceu a 16 de outubro de 1949, no seio de uma família de músicos. Bancário de profissão durante mais de trinta anos, João Madalena cedo começou a dar mostras da sua verdadeira vocação: a música.
Aos doze anos de idade começou a tocar vários instrumentos musicais, dando preferência à viola. “Black Shadows” foi o primeiro grupo musical a que pertenceu com outros amigos, que se juntavam para animar os Bailes das Passagens de Ano promovidos pelo Illiabum Clube. Seguiu-se, já nos finais dos anos 60, o conjunto “Jota 4”, composto por quatro elementos de nome João, ao qual se juntou, mais tarde, outro elemento, que obrigou à reformulação do nome do grupo para “Jota 4+1”. “Jakarandá” foi o projeto seguinte com mais um elemento, Paulo Lemos, e a concretização de um grande objetivo: a aquisição de uma aparelhagem que lhes permitiu, durante vários anos, participar nos Festivais da Canção do Illiabum Clube e percorrer o país de norte a sul com as suas atuações.
Mais tarde, surgiu o “Bária”, o último grupo em que participou. Multifacetado, este ilhavense sempre esteve envolvido em diversas iniciativas culturais, organizando e apresentando os Festivais da Canção do Illiabum Clube, tendo inclusive apresentado o último em 1988, numa sentida homenagem a Carlos Paião, ensaiando os concorrentes dos Festivais dos Escuteiros e o Coro Infantil da Igreja de S. Salvador, dirigindo e encenando algumas das célebres Vias Sacras, escrevendo revistas, teatros infantis, organizando e dirigindo as carnavalescas Chegadas do Rei, escrevendo letras, compondo músicas e ensaiando as Marchas Populares e apresentando, durante vinte anos, a Semana do Fado Amador de Ílhavo, promovida pela A.R.C. Chio Pó-Pó.
Em 1993, no âmbito do centenário dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, João Madalena abraçou outro projeto, a Rádio, realizando, em parceria com Manuel Teles e João Aníbal Ramalheira, uma série de 100 programas radiofónicos denominada “Recordar é Viver”, na Rádio Terra Nova. Este projeto levou ao ressurgimento das célebres revistas “A Nossa Escola” e “A Galiota”, trabalho particularmente gratificante para este ilhavense sempre ávido por saber sempre mais sobre a sua terra. Estreitamente ligado ao Associativismo, João Madalena fez parte da Secção Recreativa do Illiabum Clube e da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, mantendo ainda o cargo de Vice-Presidente da Banda BVI - Música Nova. Pertence ainda ao Conselho Económico Paroquial de Ílhavo.
Em 2009, aceitou o convite para ser o Grão-Mestre da Confraria Gastronómica do Bacalhau, função que ocupa há quase seis anos, sendo esta uma altura de grande azáfama já que se aproxima a edição 2014 do Festival do Bacalhau, que se perspetiva um grande sucesso.
Agosto 2014
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José Nuno Amaro
José Nuno Silva Amaro, criativo, conhecido por Nuno Zamaro, é um ex-profissional de futebol (guarda redes), tendo representado equipas como o Gil Vicente, o Braga e o Beira-Mar. Em setembro, mês de sol e de ar livre, dedicamos esta rúbrica a um empreendedor do nosso município, cujo projeto mais recente constitui uma criativa homenagem aos nossos pescadores e um incentivo a um estilo de vida mais saudável e amigo do ambiente.
José Nuno Amaro, com apenas 26 anos, e prestes a celebrar um contrato milionário com o Dundee United (Escócia), lesionou-se gravemente numa vértebra, o que o conduziu à mesa de operações, numa intervenção de alto risco que o poderia levar a ficar paraplégico. A intervenção correu bem (a primeira em que foi usada uma prótese de titânio), ditando, contudo, de uma forma dramática e precoce, o fim da sua carreira. Assim, já com as luvas descalçadas, com um filho para criar e com dificuldades financeiras, pois teve de suportar o custo da intervenção por incapacidade do clube, decidiu iniciar uma nova vida, ultrapassando com coragem e sucesso a angústia causada pelo fim de uma carreira promissora.
Cedo obteve sucesso empresarial através da IdeiaBiba, cuja primeira iniciativa, a Leva (Liga Escolar de Vagos), foi nomeada, ao lado de projetos de Edwin Moses, Ballesteros e Comaneci, para os Óscares da Academia Mundial do Desporto (Laureus). Seguiram-se outros projetos emblemáticos, como as “Crianças na Lua” (o projeto português para crianças mais famoso internacionalmente) e o BUTE (vencedor do Prémio Nacional de Mobilidade 2007). Foi também parceiro da Câmara Municipal de Ílhavo na iniciativa “Barra ProGuiness”, que colocou esta praia no livro dos recordes. Desenvolveu igualmente, em 2003, a Fundação Vítor Baía para o seu colega e amigo, tendo ainda criado a marca Bike Art Concept, na qual constam modelos desenvolvidos por exemplo para a Família Real Espanhola.
Após a venda da IdeiaBiba, cria a WISE-U Creativity Fab Lab para dar forma ao que realmente o fascina: o desenvolvimento criativo pensado para potenciar a ideia, deixando ao cliente a oportunidade de procurar depois o fornecedor. É aqui que surge a “ANGEL” (Art Now Give Energy to Live), um conceito de bicicleta com um design simples e inovador e totalmente reciclável, por ser construída a partir de restos de madeira, utilizando apenas 30% de componentes em alumínio e ferro. Uma das principais imagens de marca deste projeto é uma edição dedicada a Eusébio, cujo objetivo é leiloar a bicicleta e doar o valor arrebatado à Mozambikes, uma organização moçambicana, para assim distribuir bicicletas junto da população mais carenciada. Foi no Festival de Bacalhau 2014 que Nuno Zamaro fez a apresentação de um novo modelo exclusivo, a “Bikelau”, numa parceria com a Câmara Municipal de Ílhavo, inspirado na epopeia da pesca do bacalhau, homenageando e perpetuando assim a memória e a valentia de todos os participantes na Faina Maior, que tem no Município de Ílhavo o seu expoente máximo.
Para este projeto, que brevemente irá circular pelas nossas estradas e pistas, Nuno Zamaro inspirou-se sobretudo no seu avô Lázaro, pescador da Gafanha da Nazaré e no seu avô Miguel, um empreendedor de Águeda que despoletou a industrialização das duas rodas. Especialista em áreas como Mobilidade, Futebol e Emoções, Nuno Zamaro, sonhador e diabólico, ainda acha que o melhor da vida é de borla, mesmo que seja alguém a pagar... Assume-se como alguém que não sabe nada mas que quer aprender tudo, e que cedo percebeu que o verdadeiro obstáculo na vida não é a falta de dinheiro, mas sim a falta de ideias, e por isso nunca mais parou.
Setembro 2014
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Maria Teresa Filipe Reigota
Maria Teresa Reigota, fez do ensino e da educação a missão da sua vida. Maria Teresa Filipe Reigota nasceu a 6 de janeiro de 1944, na Gafanha da Nazaré, onde frequentou a Escola Primária. Em 1954, ingressou no Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Aveiro, onde completou o 5.º ano dos Liceus, atualmente 9.º ano.
Seguiu-se, em 1960, o exame de admissão ao Magistério Primário, em Vila Real. Foi admitida na Escola do Magistério Primário, em Aveiro, que frequentou durante dois anos até concluir o curso de Professora. Em 1962, com apenas 18 anos de idade, começou a exercer na Escola Primária da Gafanha da Encarnação. No ano letivo 1963/1964 lecionou em Ordonhe, Santa Maria da Feira, e no ano letivo seguinte na Presa, Aveiro, e em S. João de Loure, Eixo. Em julho de 1965, casou com João Fernando Moço, também Professor Primário, conhecido dirigente associativo do Município de Ílhavo, ligado à Confraria Gastronómica do Bacalhau e ao Rancho Regional da Casa do Povo de Ílhavo.
Nesse mesmo ano, Maria Teresa Reigota passou a exercer a sua profissão no Município de Ílhavo, dois anos na Gafanha da Encarnação, um ano na Colónia Agrícola, voltando à Gafanha da Encarnação no ano letivo de 1968/1969, onde lecionou até se aposentar em 1996. Maria Teresa Reigota, amante da Terra que a viu nascer e orgulhosa do legado de seus pais, que lhe incutiram sempre o respeito à simplicidade e ao brio pelo passado, fundou em 1984, ao lado do seu marido, o Rancho Regional da Casa do Povo de Ílhavo.
Com base nos valores da honestidade intelectual e do amor à causa da cultura popular, Maria Teresa Reigota foi lendo, ouvindo, anotando, escrevendo tudo o que pudesse ser útil para a preservação do património da sua Terra e do Rancho a que pertence desde a primeira hora. Fruto desse trabalho, lançou em outubro de 2009, o livro “Gafanha... o que ainda vi, ouvi e recordo”, e quatro anos depois, aquando da inauguração do Museu Etnográfico e Sede do Rancho Regional da Casa do Povo de Ílhavo, curiosamente a antiga Escola Primária da Boavista, batizou o seu novo livro com o nome de “Gafanha... Retalhos do passado”.
Atualmente, dedica grande parte do seu tempo ao Museu Etnográfico do Rancho, cuja recolha e construção dos trajes são da sua responsabilidade, e encontra-se a escrever o seu terceiro livro, desta vez especialmente dedicado às vivências das crianças no tempo da sua infância.
Para além do exercício das suas funções como professora do Ensino Básico e de integrar o grupo fundador do Rancho Regional, a veia estudiosa de Maria Teresa Reigota tem-se afirmado no âmbito da investigação e da recolha das tradições etnofolclóricas, aproveitando a sua faceta de reter na mala das recordações retalhos do passado para as contar e divulgar com sentido verdadeiramente pedagógico e cultural.
Outubro 2014
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Tito Manuel Peixe Cerqueira
Nascido em Ílhavo (S. Salvador) em 17 de março de 1948, o Vice-Almirante Tito Manuel Peixe Cerqueira frequentou as Escolas Primárias da Chousa Velha e n.º 1 da Rua Ferreira Gordo. Na sua infância e juventude, foi um ativo Escuteiro, Guia de Bando e de Patrulha, no “velhinho” 46 do CNE, e um destacado atleta das camadas jovens (Infantis e Juniores) de Basquetebol do Illiabum Clube, tendo durante quatro anos, sob a orientação do saudoso José Ançã, contribuído para a conquista de vários títulos nacionais e regionais, sendo um dos “nove rapazinhos” Campeões Nacionais de Infantis de 1963.
Após o Ensino Secundário que frequentou no Liceu Nacional de Aveiro, o Almirante Tito Cerqueira ingressou na Escola Naval, onde se licenciou em Ciências Militares Navais em 1970, sendo então promovido a Guarda-marinha, iniciando a sua carreira como oficial da Armada. Progredindo regularmente na hierarquia, foi em 2006 promovido a Vice-Almirante, sendo até hoje o único ilhavense que, na nossa Marinha, atingiu este elevado posto de oficial general de 3 estrelas. É possuidor de vários louvores e condecorações, tendo passado à Reserva e, posteriormente, à Reforma, em 2010.
Durante a sua longa carreira militar naval, o Almirante Tito Cerqueira cumpriu diversas Comissões no mar, como Oficial Chefe de Serviço, Oficial Imediato ou Comandante. Embarcou no Draga-Minas Ribeira Grande, no Navio-Escola Sagres, na Corveta João Coutinho, nas Fragatas Nuno Tristão, Roberto Ivens, Pero Escobar e Hermenegildo Capelo, e nos Submarinos Albacora, Barracuda e Delfim. Em terra, ocupou diversos cargos, designadamente 2.º Comandante e Comandante da Esquadrilha de Submarinos, Chefe de Serviço no Arsenal do Alfeite, Capitão do Porto da Figueira da Foz, Diretor do Apoio Social, Docente e Diretor de Curso no Instituto Superior Naval de Guerra, Subdiretor Geral da Autoridade Marítima, 2.º Comandante-Geral da Polícia Marítima, Vice-Presidente e Presidente em exercício da Comissão de Direito Marítimo Internacional e de Assessor no Gabinete do Ministro da Defesa Nacional.
Com uma Comissão de serviço em Moçambique (1970-72), embarcado na Corveta João Coutinho, parte significativa da sua carreira foi dedicada aos Submarinos e à Autoridade Marítima. Como curiosidade, refira-se que foi o primeiro Comandante de uma Unidade Naval Combatente - o NRP Hermenegildo Capelo - a ter pessoal militar feminino na sua guarnição. Especializado em Eletrotecnia e em Submarinos, frequentou diversos Cursos de Carreira e de âmbito Técnico-profissional, sendo graduado em National Security and Strategic Studies pelo Naval War College, EUA. Militar de abril, pertenceu à Comissão Coordenadora do MFA/Marinha e teve uma participação associativa ativa, tendo integrado em vários mandatos os corpos sociais do Clube Náutico dos Oficiais e Cadetes da Armada (Presidente da Direção) e do Clube Militar Naval (Presidente da Assembleia Geral).
É igualmente membro da Confraria Marítima de Portugal. Após deixar o serviço ativo na Marinha, o Almirante Tito Cerqueira tem estreitado os seus laços com a sua terra natal, retomando uma vivência mais próxima e assídua com as suas Instituições e com os seus amigos aqui residentes. É membro da tertúlia “Os Terra da Lâmpada” e é Presidente da Assembleia-Geral dos Amigos do Museu de Ílhavo e da Assembleia-Geral do Núcleo de Marinheiros da Armada de Aveiro (com Sede no Forte).
Embora tenha residido e exercido toda a sua atividade profissional como Oficial da Armada fora de Ílhavo, o Almirante Tito Cerqueira sempre acompanhou interessadamente e ao longo dos anos o que por cá se passava, o viver da Cidade e do Município, das suas Instituições e das suas gentes, e sempre procurou manter os laços de amizade com os seus amigos de infância e juventude. O Almirante Tito Cerqueira é um “ílhavo” orgulhoso da sua terra natal e da sua tradição marítima, que se empenha em preservar e divulgar.
Novembro 2014
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Cristina Riço Mendes
Cristina Riço Mendes nasceu a 14 de novembro de 1968, em Kaiserslautern, na Alemanha. Filha de pais portugueses, a Irmã Cristina tinha apenas cinco anos quando a família regressou a Portugal, fixando-se na Gafanha da Nazaré, de onde a mãe era natural. A Irmã Cristina iniciou os seus estudos na Escola Primária da Cambeia, a que se seguiu o Ciclo, na Gafanha da Nazaré.
Concluído o Ensino Secundário, que frequentou nos Liceus Homem Cristo e José Estêvão, em Aveiro, optou por enveredar pela Vida Religiosa, ingressando no Noviciado do Instituto Secular das Irmãs de Maria Schoenstatt. Com 19 anos de idade, tomou o hábito no dia 27 de setembro de 1987 e continuou a sua formação no Noviciado por mais um ano. Entre 1991 e 2000, a Irmã Cristina foi Agente de Pastoral na Paróquia de S. Pedro de Azurém, em Guimarães, onde também dedicava o seu tempo à Creche do Centro Social Paroquial. Durante todos estes anos, trabalhou sempre no Movimento Apostólico de Schoenstatt, focando-se inicialmente nos mais jovens e nas crianças e, mais tarde, também nos adultos. No ano 2000, a Irmã Cristina regressou à Gafanha da Nazaré, onde continuou o seu trabalho nos diversos Ramos do Movimento nas Dioceses de Aveiro e Coimbra.
Neste seu trabalho de evangelização testemunhou que esta Aliança de Amor com Maria é um caminho de santidade para muitas pessoas e inspira o compromisso de Schoenstatt com a Nova Evangelização, em projetos missionários e sociais, projetos educativos e iniciativas em várias áreas da sociedade. Dedicada aos estudos, a Irmã Cristina voltou à Alemanha para frequentar uma Formação de um ano na Casa Mãe do Centro Internacional das Irmãs de Maria (2003-2004), tirou o bacharelato em Ciências Religiosas, no ISCRA – Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro (2004-2007) e foi Superiora Delegada da Comunidade das Irmãs (2007 a 2013). É desde 2007 Presidente da Direção do Centro Social Padre Kentenich, uma Instituição Particular de Solidariedade Social do Município de Ílhavo que nasceu por iniciativa do Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt e tem como objetivo a promoção do desenvolvimento da pessoa humana em todas as dimensões, tendo como modelo de atuação a Pedagogia do Fundador da Obra Internacional de Schoenstatt, o Padre José Kentenich.
A 10 de setembro de 2010 viu inaugurada a primeira Resposta Social: a Creche “Jardim de Maria”, que tem como missão “Educar para a Vida”, contribuindo para a educação global e harmoniosa das crianças e suas famílias. A grande dedicação da sua vida é o Movimento de Schoenstatt, um movimento de apostolado, de espiritualidade e de educação, tendo como elemento central o Santuário, para o qual a Irmã Cristina convida todos a peregrinar e experimentar este “Oásis de Paz”, um “Novo Belém” do Município de Ílhavo.
Dezembro 2014
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Carlos Sarabando Bola
Carlos Sarabando nasceu a 20 de julho de 1939 na Gafanha da Nazaré. Oriundo de uma família numerosa, Carlos Sarabando concluiu o ensino básico e, com apenas dez anos, foi trabalhar para uma marcenaria para ajudar os pais no sustento da família. Seguiu-se um trabalho nas obras, mas por pouco tempo. Naquela altura, o sonho de Carlos Sarabando era ser mecânico.
Em 1952, com apenas 13 anos de idade, foi trabalhar para a Metalomecânica, Lda., em Aveiro. Desempenhando vários ofícios, desde a limpeza de peças vindas da fundição, até ao trabalho nos tornos mecânicos, como ajudante de torneiro. No início de 1954, Carlos Sarabando passou para o escritório da referida firma, onde iniciou a sua atividade de escriturário. Em agosto desse ano, foi transferido para a empresa de João Maria Vilarinho, onde ocupou a categoria de Chefe de Escritório estando ao serviço da empresa de pesca até 1980. Decidido a aprender ainda mais, Carlos Sarabando voltou aos estudos. Em 1956, já com 17 anos matriculou-se na Escola Comercial e Industrial de Aveiro e tirou o Curso Geral de Comércio.
Em dezembro de 1965 inscreveu-se como Técnico Oficial de Contas e exerceu a sua atividade em várias empresas da Região até 2012. Dono de um espírito dinâmico e diligente, Carlos Sarabando foi abraçando vários projetos em Instituições e Associações Culturais, Desportivas e Religiosas do Município: foi sócio fundador do Grupo Desportivo da Gafanha, exercendo os cargos de Presidente do Conselho Fiscal e de Presidente da Assembleia Geral durante vários anos; é Presidente da Assembleia Geral da Cooperativa Cultural e Recreativa da Gafanha da Nazaré desde 1984; foi fundador e Presidente da Direção do Stella Maris – Obra do Apostolado do Mar, tendo preparado o lançamento da 1.ª Pedra do edifício atual; fez parte da Comissão Fabriqueira da Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré; foi fundador e é Presidente da Assembleia Geral da Terra Nova – Cooperativa de Radiodifusão e Ação Cultural, SRL desde 1986 até à presente data; é membro do Conselho Fiscal dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo desde 2006; é membro fundador do Rotary Clube de Ílhavo e é Presidente da Direção da Filarmónica Gafanhense desde 2006. Para além da sua ligação ao Associativismo, Carlos Sarabando foi Presidente da Assembleia de Freguesia da Gafanha da Nazaré (Mandato 2001/2005) e é, desde 2005, 1.º Secretário da Assembleia Municipal de Ílhavo.
O pouco tempo livre de que dispõe, Carlos Sarabando dedica inteiramente à família, que lhe alimenta o espírito e a alma para “continuar a ir mais longe”.
Janeiro 2015
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António Cirino
António Cirino nasceu a 25 de julho de 1946, na Gafanha da Encarnação, Município de Ílhavo. Estudou até à 4.ª Classe na Escola Primária Encarnação Sul e foi admitido na Escola Comercial de Aveiro, onde estudou até ao 4.º ano. Entre 1964 e 1968, cumpriu o Serviço Militar na Marinha de Guerra, onde desde logo demonstrou uma grande apetência pelos desportos náuticos.
No final de 1968, com apenas 22 anos de idade, António Cirino emigrou para a França à procura de uma vida melhor. Viveu em Paris durante quinze anos, aliando o seu trabalho no ramo automóvel ao Associativismo. Para além de jogar futebol, foi Dirigente Associativo no Clube Saint Gracient. Em 1983 regressou à Terra Natal, onde se instalou por conta própria com um negócio de reparação de automóveis (até 2001), a que se seguiu o trabalho de gestão no Estaleiro de Reparações Náuticas “Ponte Mar” (até 2012).
Nesse mesmo ano foi convidado para colaborar no NEGE – Novo Estrela da Gafanha da Encarnação e acabou por ser eleito Presidente da Direção do Clube, exercendo um mandato (1983-1985), do qual se orgulha muito pela obra realizada. A Associação Náutica da Gafanha da Encarnação surgiu no pensamento de António Cirino pouco tempo depois. Um certo dia, num dos seus passeios à beira Ria, tendo a Costa Nova e o Clube de Vela como cenário, António Cirino, recordando os tempos na Marinha e no Rio Tejo, idealizou um Clube para a Gafanha da Encarnação. António Cirino depressa passou do pensamento à prática: reuniu algumas pessoas que, desde logo, acreditaram no seu projeto e puseram mãos à obra. E assim, aos poucos, estaca a estaca, erguidas e cravadas a pulso por meia dúzia de pessoas, de um lamaçal nasceu um Ancoradouro para barcos de recreio e uma coletividade vocacionada para o lazer náutico.
A ANGE foi fundada a 26 de junho de 1989, reunindo excelentes condições para acolher embarcações e proporcionar aos seus sócios, não só a sua atividade de lazer náutico como também comodidades para poderem usufruir de uma paisagem ímpar e invejável. Reformado há cerca de três anos, António Cirino ocupa a maior parte do seu tempo a trabalhar para a menina dos seus olhos, a ANGE, e continua a sonhar e a concretizar projetos porque, para si, “sempre que o homem sonha o mundo pula e avança”.
Fevereiro 2015
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Hélder Bartolomeu
Hélder Bartolomeu nasceu em Ílhavo a 1 de outubro de 1954. Formado em Engenharia Civil, em 1976, começou a trabalhar em empresas de madeira e construção civil, em lugares de chefia e direção. Com apenas 16 anos, iniciou o seu percurso associativo no Illiabum Clube como cofundador da Secção de Cinema e Fotografia.
Em 1992 assumiu o cargo de Presidente da Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo. No início do mandato, o corpo de Bombeiros era constituído por cerca de 40 Bombeiros, com 5 funcionários permanentes, 3 ambulâncias e 4 carros de incêndio e vivia-se um período de dificuldades financeiras, nomeadamente para pagamento de salários, gasóleo e despesas básicas. Nos dias de hoje, a Associação Humanitária possui um corpo de cerca de 100 Bombeiros, todos bem equipados, 30 funcionários permanentes, 7 ambulâncias, 9 ambulâncias de transporte de doentes e 12 viaturas de combate a incêndios.
Atualmente, a Associação tem a sua situação financeira estabilizada e Hélder Bartolomeu orgulha-se de ver a concretização de um sonho tomar forma: o novo Quartel dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo. O novo Quartel dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, que está a ser edificado junto à Rotunda da Barquinha (na Variante) e cuja inauguração está prevista para o final do ano, pretende criar as devidas condições operacionais e albergar uma Corporação em crescimento, fazendo com que, em cada dia, o lema “Vida por Vida” seja uma luta constante de tenacidade e determinação e de continuado sucesso.
Março 2015
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João Resende
Nascido a 6 de novembro de 1944, João Resende nasceu e vive, desde sempre, em Ílhavo, onde iniciou estudos na Escola de Cimo de Vila. Anos mais tarde prosseguiu para o Liceu de Aveiro, ingressando, depois, na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, onde, em 1980, completou a formação em Medicina, com a especialização em Saúde Pública.
Ainda durante os estudos foi chamado à tropa, tendo-se tornado professor, após esse período. Ao longo da sua carreira, deu aulas de saúde pública, ciências e educação física, em várias escolas: no Ciclo Preparatório e na Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes, no Magistério Primário e no ISCIA (Instituto Superior de Ciências da Informação e Administração). Durante 23 anos, entre 1985 e 2008, foi delegado de saúde de Ílhavo, tendo colaborado com a Câmara Municipal de Ílhavo. Foi médico no Centro de Saúde de Ílhavo, no Hospital Distrital de Aveiro e em três empresas (onde ainda exerce): a Teka, a Heliflex e a Torbel. Durante cerca de 16 anos, João Resende foi médico da equipa B e da equipa sub21 da seleção nacional de futebol, com quem foi aos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Ao longo de mais de uma década, foi médico do Beira Mar, bem como de vários clubes ilhavenses, como o Illiabum Clube e A.C.D. “Os Ílhavos”, com colaborações pontuais no Grupo Desportivo da Gafanha e no NEGE. No Illiabum Clube desempenhou quase todas as funções, inclusive jogador de basquetebol, tendo sido campeão nacional pela equipa principal, na época de 1963-1964.
A nível associativo, foi presidente do Illiabum Clube e dos Ílhavos, bem como presidente da Assembleia Geral dos dois clubes, da A.R.C. Chio Pó-Pó e dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo (função que ainda desempenha). Também como médico, colaborou com quase todas as Instituições Particulares de Solidariedade Social de Ílhavo, como o CASCI (onde chegou a pertencer à direção) e o Lar de S. José. João Resende demonstrou sempre muita iniciativa, tendo sido uns dos médicos fundadores do CAT (Centro de Apoio a Toxicodependentes) de Aveiro, onde trabalhou durante 15 anos.
Foi, ainda, sócio fundador e primeiro presidente do Rotary Club de Ílhavo e foi um dos sócios-fundadores dos Amigos do Museu de Ílhavo. A nível político, foi candidato independente a presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, nas eleições de 1983, tornando-se vereador, após essas eleições. Foi, também, candidato pelo Partido Socialista a presidente da Assembleia Municipal.
Atualmente com 70 anos, reformado desde 2008, continua a ser presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, é médico de três empresas, e encontrasse em recuperação física, após uma amputação de um membro inferior, na sequência de uma infeção agravada pela diabetes. “Há doenças que se não forem descobertas e tratadas atempadamente, nem os médicos escapam”, alerta João Resende.
Maio 2015