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A Nossa Gente
Falar da Nossa Gente é trazer à memória algumas figuras relevantes da nossa Terra.
Naturais do Município de Ílhavo, ou embora não o sendo, assumiram este como seu, destacaram-se ou destacam-se, deixando o seu legado em diferentes áreas. Mesmo correndo o risco de não serem todas citadas, deixamos aqui uma lista dos vultos que mais exerceram influência na sociedade ilhavense.
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Francisco António de Abreu
Eis um ilhavense que merece ser recordado pois fez pela sua terra durante o pouco tempo que esteve à frente como Presidente da Câmara dos destinos do concelho de Ílhavo.
Antigo Capitão da Marinha Mercante, Francisco António de Abreu foi de tudo um pouco: oficial da Marinha Mercante, amanuense da Administração do Concelho de Ílhavo, empreiteiro de obras públicas, na firma M. dos Santos Furão & Comp.ª, Lda. e armador e gerente de uma empresa de Pesca de Bacalhau.
Homem inteligente e dinâmico, apesar dos seus afazeres, tomou conta da Misericórdia de Ílhavo, numa época em que o edifício do hospital precisava de uma grande reparação e a misericórdia se encontrava financeiramente com grande débito. Foi o empenho do Capitão Abreu que fez com que esta casa de Assistência tornasse a ser uma bela casa de Saúde, asseada e disciplinada, que antes era.
O Capitão Abreu, após tomar posse do cargo de Presidente da Câmara, fez obras de utilidade pública, como, por exemplo, os esgotos, nos passeios e na Avenida de Mário Sacramento. Era um homem cheio de boa vontade em fazer progredir a sua terra natal. Para ele não havia peias nem dificuldades.
No final da vida, já doente e com grande dificuldade nos seus negócios, como o naufrágio dos seus navios, abandonou a vida ativa.
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Capitão Francisco Correia Marques
Nado e criado em terras de Ílhavo, foi o dia 14 de dezembro de 1930 que o viu nascer.
Descendente de uma família marcada pelo odor da maresia, seu pai e avô foram ilustres pescadores, tendo o primeiro daqueles embarcado, em plena meninice, com apenas 10 anos de idade (1906), como moço no lugre Gazela e, em 1919, como capitão na galera Ferreira.
Aos 16 anos, Francisco Marques terminou o curso Liceal ingressando na Escola Náutica, concluindo o curso com 18 anos. Embarca, por esta altura, no S. Gonçalinho rumo à Gronelândia.
De 1948 a 1950 desempenhou funções de piloto no arrastão S. Gonçalinho. Nas campanhas do bacalhau de 1951 a 1953 foi imediato no lugre Adélia Maria (pesca à linha) e, de 1954 a 1960, Capitão do referido navio.
Com a mestria de quem conhece o mar como a palma das mãos comandou embarcações como o João Vilarinho,S. Rui, Neptuno e Creoula.
De 1964 e 1975 trabalhou na secagem do bacalhau e aparelhamento de navios na Parceria Geral de Pescarias do Barreiro. Aposentou-se em 1987, mas não se alheou do mar...
Foi convidado para fazer cursos de formação, primeiro sobre a pesca do bacalhau na Empresa de Pesca de Aveiro, em 1997, e depois fez 2 anos de cursos de marinharia, no Sindicato dos Pescadores, em Aveiro.
Em parceria com a Dra. Ana Maria Lopes, antiga diretora do Museu Marítimo de Ílhavo, e estudiosa da Ria e das suas embarcações, escreveu o livro "Faina Maior". Colaborou no filme "A Glória desta Faina" e no projeto "De Novo na Terra Nova" (1998), sendo nomeado como Diretor de Treino na viagem do Creoula a S. John's.
Em 1999, foi convidado pelo Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo a assumir o cargo de Diretor do Museu Marítimo, que desempenhou até junho de 2002.
Ações de formação em diversos estabelecimentos de ensino, palestras em várias instituições sobre a pesca do bacalhau, são amarras que continuam a ligar este homem ao mar.
Mestre na arte de marear, entregou-se intrépido, desde tenra idade ao desbravar de ventos e marés em busca de mares pródigos de peixe e de portos longínquos seguros.
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Carlos Manuel de Marques Paião
Carlos Manuel de Marques Paião nasceu no dia 1 de novembro de 1957 na cidade de Coimbra onde a assistência médica era melhor do que na, então, vila de Ílhavo. Mas era um ilhavense porque toda a sua família é de Ílhavo, a começar pelos seus pais. Se dúvida houvesse bastava ouvir as expressões e palavras típicas da nossa terra que ele usou em algumas das suas canções.
Em 1962 começou a aprender a tocar acordeão e em 1978 tinha mais de 200 canções escritas. Estreou-se no "mundo das cantigas" em 1978 no Festival da canção do Illiabum Clube de Ílhavo onde conquistou dois prémios, sendo um deles o melhor intérprete.
Em 1980 trocou, definitivamente, o curso de medicina que frequentava em Lisboa pela carreira musical. E logo no ano seguinte ganhou o Festival RTP da Canção representando Portugal no Eurofestival da Canção realizado, nesse ano, em Dublin, na República da Irlanda. A canção era o conhecidíssimo "Play-back", uma sátira aos cantores que enganam o público cantando em play-back.
Compositor, intérprete, instrumentista e produtor foi como letrista que o seu nome ganhou maior dimensão escrevendo para vários artistas, inclusive para Amália Rodrigues.
Entre as muitas canções que escreveu e cantou todos se recordam de "Cinderela", "pó de arroz", "Vinho do Porto", "Marcha de Pião das Nicas", "Souvenir de Portugal", "Eu não sou poeta", "Versos de Amor", Lá longe Senhora" e tantas outras em que brincava com as palavras descobrindo-lhe a beleza e a poesia.
Carlos Paião morre no dia 26 de agosto de 1988 ironicamente vitimado pela aparelhagem e colunas de som que transportava no carro quando este teve um acidente de viação.
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Celeste Sacramento
"Ó padeirinha que vais a cantar , dá-me os teus sonhos para eu sonhar, dá-me os teus sonhos que eu dou-te o meu pão, ou dou-te um beijinho e um xi -coração. Nós somos as padeiras que vimos lá do Vale, cantamos como romeiras à festa do Hospital.
Cantai, cantai padeiras ao som de Portugal.
Quem comprou o pão fresquinho, que eu cozinhei a cantar? Azanhei o meu moinho que é mais puro que o luar."
Celeste Sacramento nasceu a 4 de janeiro de 1927 em Vale de Ílhavo. Descendente de uma família de padeiras, uma das muitas que habitavam, e ainda habitam, este lugar do nosso Concelho, desde muito cedo se iniciou nesta atividade, que ainda hoje mantém, ajudando a sua mãe na venda dos famosos e saborosos folares e padas de Vale de Ílhavo, numa altura em que esta venda ainda era feita com as cestinhas do pão à cabeça, de madrugada, casa a casa, freguesa a freguesa. Mais tarde era habitual vê-la de bicicleta, com os cestos cheios de pão, a percorrer as ruas da freguesia, em especial as da Carvalheira.
Casou-se muito jovem, aos 19 anos, tendo tido três filhos. Hoje é mais antiga padeira de Vale de Ílhavo em atividade e uma das principais referências da "Rota das Padeiras", que a Câmara Municipal de Ílhavo leva a efeito todos os anos no âmbito das Festas do Município - Mar agosto, ainda sente a arte de fazer pão a correr-lhe nas veias. É esta arte, com segredos que passam de geração em geração, que a motiva a levantar-se todos os dias por volta das 3 horas da madrugada, para colocar a primeira fornada de pão, sempre num forno a lenha, a que se segue a segunda e a terceira. Depois de tudo isto ainda lhe sobra tempo para as tarefas domésticas, já que o almoço tem que ser preparado, a roupa tem que ser lavada e as camas têm de ser feitas.
A Páscoa é tradicionalmente um ponto alto da elaboração das padinhas e dos folares, uma época sempre de grande azáfama, já que normalmente a partir de quarta-feira, devido ao elevado número de encomendas, ninguém dorme lá em casa.
Manteiga, fermento, sal, farinha, ovos, açúcar e sobretudo muito amor são os ingredientes fundamentais daquilo que tão bem sabe fazer e que há quase 80 anos fazem parte do seu dia a dia.
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João Francisco Quaresma
O Cónego João Francisco Quaresma frequentou o seminário de Coimbra, tendo obtido altas classificações nos exames preparatórios e nos de teologia. Celebrou a sua primeira missa no Convento das Carmelitas da mesma cidade em 1896.
A sua saúde, sempre precária, comprometia-lhe em demasia a sua ação sacerdotal, que iniciou nas capelanias que com tanto gosto serviu.
Começou pela Gafanha da Encarnação, onde fundou o Centro de Apostolado da Oração. Em 1912, após secularização do convento das carmelitas de Aveiro, conseguiu para a sua capelania dois belos altares de talha dourada. Em 1925 adquiriu a tribuna da antiga Sé de Aveiro e foi colocada numa capela, hoje Igreja Paroquial.
O prelado de Coimbra em 1916 houve por bem colocá-lo pároco da Sé de Leiria e é nomeado Arcipreste. Entretanto, é restaurada a diocese de Leiria e o Cardeal Patriarca D. António Mendes Belo nomeia-o governador da diocese. Nesta altura é também nomeado Vigário Geral com o título Honorífico de Monsenhor.
Mais tarde, regressou a Ílhavo, onde foi ainda servir para a capelania da Vista Alegre. Em 1955 já reside em Ílhavo.
Este virtuoso e bondoso sacerdote nasceu a 30 de dezembro de 1873 e faleceu a 5 de outubro de 1957.
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José Cândido Gomes de Oliveira Vidal
Nascido a 11 de março de 1829, José Cândido Gomes de Oliveira Vidal estudou preparatórios, inclusive inglês, com o Dr. José António Pereira Bilhano. Fez o curso teológico no seminário de Aveiro, dizendo a 1ª Missa em 6 de outubro de 1851.
Em junho de 1852 foi governar a igreja de Oliveira do Bairro, voltando para Ílhavo em junho do ano seguinte por falta de saúde. Em junho de 1854 foi nomeado para a Escola Primária de Vale de Ílhavo, então criada de novo, e em agosto de 1856 transferiu-se para a Escola de Ílhavo.
Quando em 1871 D. José A. Pereira Bilhano foi para Évora como arcebispo, escolheu-o para seu secretário o seu antigo discípulo e nomeou-o desembargador da relação eclesiástica.
Em 1877 foi nomeado pároco da freguesia da Glória, de Aveiro, onde os seus serviços foram inexcedíveis. Em 1879 foi escolhido pelo governador do bispado de Aveiro para professor de uma das cadeiras do curso das ciências eclesiásticas que regeu até à sua extinção em 1884. Com a extinção do Bispado de Aveiro, em 1882, foi nomeado arcipreste e diretor do curso eclesiástico até 1884 por determinação do Bispo de Coimbra, que no ano seguinte, lhe concedeu as honras de cónego. Em 1885 foi nomeado diretor do Liceu Nacional de Aveiro, lugar que desempenhou até à sua morte.
A terra que lhe serviu de berço, serviu-lhe também de sepultura, como desejava. Faleceu em Ílhavo, onde quis acabar os seus dias, a 22 de março de 1892.
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Cónego José Maria Ançã
Nasceu em Fontoura a 22 de março de 1865, filho de José Ançã e Rosa Correia. Foi sacerdote e escritor.
Passou grande parte da sua vida em Beja, onde exerceu os cargos de professor e vice-reitor do seminário, governador do bispo e pároco da freguesia de S. João Batista. Foi ainda provedor da Casa Pia e Presidente da Câmara desta cidade.
Para além disto, nos seus tempos livres era também escritor. O primeiro livro do poeta, prefaciado por Cândido de Figueiredo, publicado em 1891, foi "Expansão da Alma", seguindo-se em 1895 "Poema da Juventude", e em 2 volumes, com subtítulo " A Musa de Levita" e os "Filhos da Mocidade", e em 1899, "Sonetos de Líricas".
Morreu em Ílhavo, a sua querida terra, em 19 de julho de 1926.
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Conselheiro António José da Rocha
Nasceu em Ílhavo em 8 de outubro de 1811. Foram seus pais Manuel da Rocha Fradinho e Joana Clara da Assunção.
Fez os seus primeiros estudos na sua terra natal e no ano de 1826/1927 frequentou o Colégio de artes, em Coimbra. Foi em Coimbra também que frequentou a faculdade de Direitos. Concluiu a sua formatura em 1 de junho de 1836.
Auxiliado do seu amigo, conselheiro José Ferreira da Cunha e Sousa, iniciou a construção do primeiro teatro que houve em Ílhavo.
Construída a nova casa de espetáculos e preparada a primeira representação, de que o novo advogado era ensaiador, faltou a música contratada, que era da fábrica da Vista Alegre. O Dr. António José da Rocha resolveu imediatamente organizar uma filarmónica (a Música Velha) com pessoas de Ílhavo, garantindo ele próprio a compra de instrumentos, e obteve o concurso gratuito, como mestre do então juiz ordinário José Vicente Soares, antigo regente de uma banda militar, que em 1826/1828 dirigida a Vista Alegre. Neste mesmo ano (1836) conseguiu organizar a Guarda Nacional do Concelho e o Dr. António José da Rocha foi eleito Major, como testemunho de apreço dos seus conterrâneos. Um ano depois foi também eleito Presidente da Câmara Municipal. Em 1840 foi nomeado delegado procurador régio da Comarca de Aveiro, donde foi transferido, no ano seguinte, para a de Mangualde, casando aqui com D. Maria Emília Teixeira de Almeida Queirós.
Em 1849 foi colocado em Estarreja como delegado procurador régio, donde foi transferido para a Feira, em 1851. Em 1854 foi nomeado juiz de direito em Pinhel, passando depois para a de Ovar (1855), Arouca e Feira (1858), Montemor-o-Velho e Bragança (1862), Lisboa (1862/1869), Açores (1870), Porto (1872) e nomeado vice-presidente da relação da mesma cidade em 1882, sendo no ano seguinte promovido a Juiz do Supremo Tribunal de Justiça.
Enquanto juiz da 1ª Instancia em Lisboa, o Dr. António José da Rocha, desempenhou uma comissão importante na Comissão Revisora do Código Civil.
Em 1 de setembro de 1865 foi eleito deputado pelo círculo de Ovar e em 1879 novamente eleito por Ponte de Lima. Nesse ano foi agraciado, por proposta do Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, com a Comenda da Ordem Militar da Nossa Senhora da Conceição, pelos serviços prestados na magistratura judicial.
Faleceu em 1 de janeiro de 1904, com 93 anos de idade.
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Conselheiro João Maria da Rocha Calisto
Conselheiro João Maria da Rocha Calisto atingiu pelos seus próprios méritos o cargo de Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça. Fez o liceu em Aveiro, matriculando-se a seguir na universidade. Concluindo o curso universitário com a classificação de 15 valores.
Abriu banca de Advogado em Aveiro, sendo depois nomeado Delegado do Procurador da Republica na comarca de Montemor-o-Velho, de onde transita para Abrantes, seguindo a de Oliveira de Azeméis. É, depois, nomeado e transferido para diversas comarcas até que em 1905, é promovido a desembargador na Relação dos Açores. Um ano depois, em 1906, foi colocado no Tribunal da relação do Porto e finalmente, em 1913, é promovido a Conselheiro do Supremo tribunal de Justiça, onde exerceu até ao limite de idade, em julho de 1919.
O Juiz João Maria da Rocha Calisto nasceu em Ílhavo, em 17 de junho de 1840 e faleceu em 7 de outubro de 1919.
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Custódia Bola
Natural da Freguesia da Gafanha da Nazaré, Custódia Lopes Caçoilo Rocha Bola nasceu a 28 de novembro de 1948, fruto da união entre António da Silva Caçoilo e Maria da Luz Lopes, tendo permanecido na sua terra-natal ao longo da sua vida, sendo atualmente casada com João Alexandre Rocha Bola. É mãe de duas filhas e avó de dois netos.
Professora do Primeiro Ciclo do Ensino Básico entre 1969 e 2002, após ter terminado o Ensino Liceal e o Magistério Primário de Aveiro, Custódia Bola começou por lecionar na Escola do Areão, na Freguesia da Gafanha da Boa Hora, em Vagos, continuando a exercer a atividade profissional em diversas Escolas dos Municípios de Aveiro, Ílhavo, Vagos, Vila da Feira, Ovar e Felgueiras.
Em 2002, aposentou-se, na antiga Escola N.º 4 do 1.º Ciclo do Ensino Básico da Gafanha da Nazaré (EB1 da Chave), na qual exerceu igualmente o cargo de Diretora. Entre 1993 e 1998 foi, ainda, professora cooperante da Universidade de Aveiro de Prática Pedagógica (Estágio) dos Alunos do 3.º Ano de Bacharelato em Educação Básica.
Complementarmente à sua atividade profissional, Custódia Bola sempre pautou toda a sua vida pessoal por uma grande envolvência cívica, nomeadamente através da participação em atividades promovidas pela Freguesia e Paróquia da Gafanha da Nazaré (onde foi catequista durante vários anos) e, também, pelo Município de Ílhavo. Destas atividades, um destaque especial para o Escutismo, onde participou na formação do Agrupamento 588 da Gafanha da Nazaré, que se oficializou em julho de 1979, tendo como Patrono D. José de Lencastre, pai do fundador do Agrupamento Padre Miguel Lencastre. Desde então, Custódia Bola tem dedicado grande parte do seu tempo a esta saudável atividade, somando várias funções desde 1978 até aos dias de hoje, nomeadamente de Chefe Adjunta da 1.ª Secção (Lobitos) de 1980 a 2004, Chefe Adjunta do Agrupamento de 2004 a 2008 e, desde 2008, de Chefe do Agrupamento 588. Durante todos estes anos colaborou igualmente com as Equipas Regionais e Nacionais do CNE em acampamentos e outras atividades.
O Voluntariado é outra das áreas onde se destaca, colaborando há vários anos com Obra da Providência, sobretudo desde 2002,através do Centro de Convívio Sénior. A par desta colaboração, Custódia Bola participa igualmente nas atividades e iniciativas da Paróquia da Gafanha da Nazaré, na qual é membro do Conselho Económico e Pastoral desde 2009.
Embora bastante ocupada com todas as atividades a que se dedica, quer no Escutismo, quer no seu papel enquanto Voluntária na Obra da Providência, ainda podemos encontrar a Chefe do Agrupamento 588, da Gafanha da Nazaré, na Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo, nas disciplinas de Saúde e Bem-Estar, Pintura, Fotografia e História Local, participando de forma ativa nas atividades promovidas pela mesma.
Junho 2010
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Maria da Luz
Nasceu a 17 de novembro de 1922, filha de comerciantes, abandonou os estudos após a conclusão da 4ª classe, devido às dificuldades financeiras dos seus pais. Depois de um namoro atribulado, casou aos 17 anos de idade, mas o infortúnio bateu-lhe à porta quando, passados apenas 12 anos, fica viúva com 4 filhos para criar, sendo que um deles ainda vinha a caminho.
Para poder sustentar o agregado familiar, decidiu ir trabalhar para o talho do pai, ocupando assim o lugar do falecido marido.
Sempre lutadora, a D. Maria da Luz nunca voltou as costas a quem lhe batia à porta, sobretudo mulheres desprezadas pela sociedade de então. Exemplo disso foi quando, em 1953, ajudou uma mãe solteira que não tinha onde morar, acolhendo-a em sua casa, onde vivia com os 4 filhos e os sogros.
Já nesta altura a D. Maria fazia parte das Conferências de S. Vicente de Paulo, instituição que lhe deu a conhecer o caso. E outros casos se foram sucedendo, parecendo outras jovens que necessitavam de ajuda e iam ficando, temporariamente, em sua casa até que se encontrasse uma instituição que as pudesse acolher.
Um certo dia, o Sr. Bispo da Diocese de Braga, tendo conhecimento desta situação, visitou a D. Maria da Luz no intuito de conhecer a sua casa, onde albergava algumas jovens, prometendo ajuda no sentido de transformar o espaço numa Instituição. Foi por intermédio do Bispo que surgiu o "Lar da Providência", tendo, mais tarde, com o 25 de Abril e a abertura da Instituição às crianças, passado a chamar-se "Obra de Providência", uma vez que deixou de ser Lar.
Atualmente, a Obra de Providência tem como valências a Creche, o Jardim de Infância e o Centro Comunitário Sénior. É neste último que ocupa a maior parte do seu tempo gerindo o trabalho desenvolvido por alguns idosos na recuperação de peças de vestuário e confeção de mantas, babetes, entre outras, que têm como destino famílias carenciadas, dando igualmente apoio na dinamização das diversas atividades de caráter lúdico, que propiciam momentos de convívio entre os utentes.
Apesar das dificuldades da vida, a D. Maria da Luz nunca baixou os braços, lutando contra preconceitos e continuando a sua missão de ajudar, tendo como filosofia a entrega ilimitada aos outros.
É assim, desta forma, que descobre que, em cada ato de dádiva, a verdadeira felicidade nasce quando uma mão se estende desinteressadamente em direção a outra.
Setembro 2007
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Maria Henriqueta da Maia Cerveira
Quando os ilhavenses pensaram erigir o Monumento aos Mortos da 1ª Guerra Mundial, inaugurado em 9 de abril de 1924, cuja verba, graças aos Ílhavos de cá e aos espalhados por todo o mundo, foi obtida em subscrição pública, surgiu uma enorme dificuldade, pois havia dinheiro, mas não havia o local onde o monumento pudesse ser levantado.
O tempo foi passando, a Comissão trabalhava, mas a verdade és que era difícil de resolver a situação. A senhora dona Maria Henriqueta que, após a morte do seu marido Sr. Dr. António Frederico de Morais Cerveira, vivia muito isolada, mas que acompanhava pela leitura dos jornais da terra as dificuldades que a Comissão tinha em realizar o seu projeto, mandou ir à sua presença a referida Comissão e disse-lhe que oferecia o local para erguer o monumento.
Mas dava-se a circunstância de que o terreno que tencionava oferecer já tinha sido vendido. Então, a bondosa e generosa senhora resolveu comprar novamente o terreno que vendera e ofereceu-o à Comissão que, após a inauguração do Monumento, o entregou à Câmara.Depois, abriram-se as avenidas Marechal Carmona e Salazar (hoje Mário Sacramento e 25 de Abril).
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Daniel Fonseca da Silva
Nascido a 6 de agosto de 1948, na freguesia de S. Salvador, Ílhavo, desde tenra idade revelou uma aptidão especial para o desenho.
Grande parte do seu tempo de meninice era dedicado a retratar as pessoas, bastando um simples olhar para passar para o papel os traços fisionómicos que pretendia salientar ou minimizar. Artesão ceramista assumido, interessou-se igualmente por executar caricaturas em barro.
Para aperfeiçoar a sua arte, frequentou a Escola de Artesanato em Ílhavo, onde começou a modelar o barro e a cultivar o trabalho realizado ao vivo. Mas foi a trabalhar na antiga fábrica de porcelanas Porcil, como modelador cerâmico, e, mais tarde, na fábrica Aleluia como monitor de cursos de formação profissional, que adquiriu uma vasta experiência na matéria.
Em 1992 concorreu ao Cartaz do Carnaval de Ílhavo, com uma imagem, onde as velas da Nau do Brasão de Ílhavo deram lugar às mascaras dos Cardadores de Vale de Ílhavo, tendo obtido o primeiro lugar. Colaborou com alguns jornais locais, assinando o passatempo das 6 diferenças com caricaturas de personagens da nossa terra, e expôs durante anos em Feiras de Artesanato.
Este artesão tem igualmente representado o Município de Ílhavo em iniciativas como a FARAV, caricaturando ao vivo, desenhando ou moldando as suas peças em barro. A convite da Câmara Municipal de Ílhavo e da Associação Humanitária dos Amigos de Ílhavo, deslocou-se, em junho de 2001, a New Bedford, no âmbito das Comemorações do Dia de Portugal e de Camões e participou no Mercado à Moda Antiga, iniciativa integrada nas Comemorações do Feriado Municipal.
Dono de um talento sem limites, Daniel Silva imprime em todas as suas obras grande humor e imaginação, dedicando-se a desenvolver uma série de peças em cerâmica baseadas no tradicional bacalhau que serve de moldura a imagens de relevo, nomeadamente o Mar, a Ria de Aveiro ou figuras típicas do Município de Ílhavo.
Fevereiro 2008
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Dinis Gomes
Nasceu em Ílhavo a 19 de janeiro de 1872, tendo falecido 80 anos depois, a 29 de janeiro de 1952, na casa situada na Rua Arcebispo Pereira Bilhano.
Foi um homem multifacetado, conhecido de todos pelos seus notáveis desempenhos nas mais diversas áreas, como no jornalismo, publicidade, política, correspondente bancário e farmacêutico. Mas, o que mais o notabilizou, foi o seu desempenho à frente da edilidade Ilhavense.
Quando Dinis Gomes foi presidente da Câmara, Ílhavo não passava de uma pequena Vila, cujo centro se limitava à pequena praça da República e ao largo do Oitão, onde os nossos conterrâneos se reuniam para conversar, pois não existiam outros locais.
Uma das suas obras mais marcantes foi a abertura da atual Avenida Mário Sacramento, com 850 metros de comprimento e larga faixa de rodagem, sendo ainda hoje uma das mais extensas e bonitas da Província. E, apesar dos anos terem passado, continua a ser a principal artéria da nossa cidade. Foi, pois, Dinis Gomes, o principal responsável pela abertura daquela avenida, bem como pela da Senhora do Pranto e pelo Jardim do Monumento e outros melhoramentos durante o período em que desempenhou esse cargo.
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Domingos Ferreira Pinto Basto
A família Ferreira Pinto Bastos, apesar dos seus membros não serem naturais de Ílhavo, tem também dado o seu contributo para o progresso da nossa terra pois dois dos seus familiares, em tempos bem difíceis, estiverem à frente do município ilhavense.
Foi Presidente da Câmara, da qual faziam parte Pedro Couceiro da Costa, Manuel Francisco Machado, Manuel José Gomes e João Nunes Pinguelo Cavaz. A posse foi-lhes dada em 2 de janeiro de 1864. Domingues Ferreira Pinto Bastos era filho do Fundador da Fábrica da Vista Alegre e foi Administrador Gerente desta importante indústria durante os anos de 1861 e 1862.
Durante o tempo que esteve à frente do município de Ílhavo, foi homem de iniciativa e de ação, pois deu grande impulso a vários melhoramentos, entre os quais, o calcetamento das ruas de Alqueidão, Espinheiro e de Cimo de Vila, obras que tiveram de ser feitas por administração diteta da Câmara, visto não ter aparecido ninguém nas devidas arrematações; iluminou a vila comprando para isso treze candeeiros; iniciou a estrada dos Moitinhos; criou lugar de médico municipal, sendo nomeado o Sr. Dr. Francisco António Moura; deliberou adquirir uma bomba de incêndios; resolveu construir uns Paços do Concelho. Finalmente, coordenou à sua custa, o caminho da Quinta da Vista Alegre à Ermida.
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Amadeu Eurípedes Cachim
O Dr. Amadeu Cachim, ilustre Ilhavense, foi enquanto Presidente da Câmara o homem que mais lutou para que Ílhavo tivesse as escolas secundárias, melhoramento importante para a época, que muito beneficiou a nova geração. Outros melhoramentos realizados em todo o Concelho, na sua presidência, ficam como testemunho do seu grande bairrismo. Um bom exemplo foi a aquisição do terreno para dar início ao edifício do Museu Marítimo de Ílhavo.
Durante bastantes anos, o Dr. Amadeu Cachim foi o Diretor da Escola Comercial e Industrial de Aveiro, onde exerceu tal cargo durante bastante tempo, pode dizer-se com brilhantismo e ainda hoje é lembrado pelos seus colegas de ensino, bem como pelos seus alunos, que quase até ao fim dos seus dias o convidaram para assistir, em Aveiro, a festas e aniversários. Homem tolerante e amigo dos seus alunos, quando algum destes cometia faltas, arranjava sempre motivos para os desculpar.
Foi na sua geração, o ilhavense que mais escreveu sobre Ílhavo, tendo publicado em muitos dos jornais do Distrito (e não só) dezenas e dezenas de artigos em que falava sempre de Ílhavo, dos seus usos e costumes, da Costa Nova, onde todos os anos descansava. Era um dos grandes admiradores da nossa praia.
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António Gomes da Rocha Madail
Depois de ter concluído os estudos secundários nos liceus de Aveiro e Coimbra, matriculou-se na Universidade desta última cidade, primeiro na Faculdade de direito, depois na Faculdade de Letras (Filologia Romântica), que cursou com distinção.
Em 1920, com 27 anos de idade, era 3º oficial do Liceu José Falcão e foi o organizador da sua biblioteca. Em 1927 foi nomeado conservador geral da biblioteca da Universidade de Coimbra.
De 1951 a 1953 esteve equiparado a bolseiro do Instituto de Alta Cultura para o estudo da interferência da pirataria argentina nas navegações portuguesas.
Em novembro de 1934, juntamente com o Dr. José Tavares e a Dr.ª Ferreira Neves, resolveu fundar uma revista denominada "Arquivo do Distrito de Aveiro" e, logo no mês seguinte, para o levantamento da Revista, enviaram uma circular, largamente difundida pela região em que diziam: "que convencidos de que praticam um ato de utilidade e grande benefício, projetam publicar uma revista trimensal onde estejam registados documentos de interesse para qualquer das localidade no nosso distrito, e estudos sobre tudo quanto possa interessar à região, e onde, portanto, tenham especial cabimento a história, a geografia, a etnografia, a arte, a arqueologia, a heráldica, a genealogia, a filosofia, e a literatura relativas ao distrito de Aveiro.
O Dr. Rocha Madail foi o primeiro Diretor do Museu de Ílhavo e, antes mesmo de ser nomeado para um cargo de tanta confiança e responsabilidade, publicou o opúsculo que intitulou "Etnografia e História - Bases para a organização do Museu Municipal de Ílhavo".
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Fernando Magano
Nasceu a 28 de março de 1905. Foi aluno distinto do Professor Catarino na instrução primária, tendo concluído o liceu com a alta classificação de 18 valores. Entrou depois para o curso de Medicina, onde as suas notas oscilaram entre os 16 e os 19 valores, tendo concluindo o curso com 22 anos.
Em 1937 foi nomeado Professor Auxiliar de Patologia e Terapêutica Cirúrgica. Foi, ainda, Vice-Reitor da Universidade do Porto durante 15 anos.
Fernando Magano foi também escritor, sendo as suas obras de afinado sentido estético, o que o tornaram único na panorâmica da nossa literatura. Contudo, e dado a sua profissão de Cirurgião e Mestre de Medicina, que lhe ocupavam bastante do seu tempo, deixou a escritura para os seus tempos livres.
Faleceu no Porto a 26 de maio de 1969, com 64 anos de idade.
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Francisco António Marques de Moura
Nasceu em Aveiro, sendo seus pais António homem de Moura, farmacêutico responsável, e D. Maria Cândida. Desejando seguir a profissão de seu pai, cursou a Escola Médica do Porto, obtendo o diploma de farmacêutico de primeira classe.
Mais tarde, resolveu abraçar a carreira de médico, pelo que frequentou novamente a escola, formando-se aos 24 anos de idade e seguindo logo para Ílhavo como clínico municipal. Ainda estudante consorciou-se co D. Anunciação da Maia. Em Ílhavo, o Dr. Marques de Moura, pela sua afabilidade, tornou-se estimado por todos. Durante o impedimento de um dos professores do liceu de Aveiro, foi encarregado da regência da cadeira de introdução à História Natural, onde se evidenciou um professor erudito.
Foi também, durante alguns anos, inspetor das escolas do Distrito de Aveiro, deixando bem elaborados relatórios dos exames a que precedeu.
Desempenhou ainda outros cargos, em cujo exercício de funções foi sempre de uma escrupulosa retidão e assiduidade. O Dr. Marques de Moura foi para tudo e para todos consultado e o seu nome figurava em primeiro lugar sempre que se tratava de qualquer esforço ou empreendimento local.
Como presidente do Club Ilhavense, Bombeiros Voluntários e Associação de Beneficência, prestou relevantes serviços.
Eis em traços ligeiros quem foi o Dr. Francisco António Marques de Moura. Como clínico, abalizado e douto; como professor, proficiente e afável; como funcionário, autero e digno; como homem, bondoso, honrado e querido.
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João Carlos Celestino Gomes
Nascido em Ílhavo, a 5 de Outubro de 1899, João Carlos Celestino Gomes cedo demonstrou ser um artista singular.
Aos 15 anos colaborou no prestigiado jornal ilhavense "O Nauta" sob o pseudónimo de Carlos Doherty. Em 1927 fez a suas primeira exposição no "Clube dos Novos" onde predominavam os retratos. Durante os seus estudos preparatórios médicos, no Porto, fundou a revista literária "Húmus", frequentou ateliers de grandes artistas da época. Na sua terra fundou e dirigiu o jornal "Beira-Mar" e foi um dos cofundadores de agremiação cultural "Pleide Ilhavense".
Celestino Gomes dedicou-se à xilogravura, a pequenos guaches e aguarelas e também a grandes óleos como "Retrato de Mulher do Artista", "A Promessa" ou "Autorretrato". Terminou o curso de medicina em 1927. Em 1929 foi médico municipal de aldeia Galega, passando depois por Montijo, Santarém e Lisboa, onde se veio a fixar, exercendo uma ação notável de luta contra doenças pulmonares, aliando o seu papel de artista ao de médico ao ilustrar diversas obras de educação sanitária.
Médico conhecido, teve uma atividade contínua de divulgação higiénica na colaboração permanente (a partir de 49) no Diário De Notícias com a rubrica "É bom poupar a Saúde" e vários livros de "História da Medicina" e "Maratona das Novidades, ambas em 1958 quando iniciou "Haja Saúde" na RTP.
Aos 50 anos, João Carlos recordou as suas viagens, os seus companheiros do Porto, memórias dos heróis ilhavenses em jornadas de "Borda de Água". A variedade da sua expressão plástica, levou os seus contemporâneos a apreciá-lo como "artista, artificie e criador".
João Carlos Celestino Gomes faleceu a 11 de novembro de 1960, na sua casa de Lisboa, tendo sido sepultado em Ílhavo, como era seu desejo.