Arte Nova
Vila Africana
Rua Vasco da Gama, 135
3830 Ílhavo
GPS: 40º36’23.403’’ | -8º39’37.033’’
O Município de Ílhavo, rico em património arquitetónico, concentra no centro da cidade alguns belos exemplares de edifícios “estilo” Arte Nova. Localizado no n.º 135 da antiga Estrada Nacional 109, encontra-se uma bela vivenda cujo estilo se insere no chamado Arte Nova, tendo sido projetada pelo desenhador-pintor aveirense José de Pinho.
A exuberância do seu exterior, principalmente na sua fachada, contrasta com o interior que se encontra muito descaracterizado conservando, da estrutura original, apenas as portas de madeira, com bandeira superior e vidros coloridos. Como nas casas tradicionais tem uma fachada para o público e guarda todo o resto para o privado.
Na fachada deste Vila pode observar-se um equilibrado jogo de planos com cantaria de boa execução e desenho, conjugado com as cores do azulejo, sobretudo o dos frisos em ritmado efeito floral de fino gosto, e de serralharia singela mas bem desenvolvida em temática linear e florar que corre no gradeamento. Na fachada principal, a entrada é feita através de um duplo lanço de escadas, paralelo ao frontispício, protegido por uma gradaria de formas orgânicas, muito ao gosto Arte Nova.
Antecede a entrada um alpendre suportado por colunas profusamente decoradas. Um friso de azulejos de motivos florais percorre todo o edifício junto à cornija. A porta oval do piso térreo relaciona-se com a janela superior, decorada por elementos de inspiração natural e uma máscara central. A forma oval repete-se no vão de dimensões reduzidas que coroa o corpo mais alto, uma espécie de torreão, com remate em coruchéu. Sobre a referida janela, um painel de azulejo envolto por folhagem, exibe a designação da casa. Do lado oposto abre-se uma outra janela geminada.
Esta fachada Arte Nova contrasta vivamente com as restantes, bastante mais depuradas. Tal diferença deve-se à interrupção das obras da casa, em consequência da I Guerra Mundial. Na verdade, a Vila Africana foi erguida entre 1907 e 1908 a expensas do Dr. José Vaz, que encomendou o projeto arquitetónico ao pintor e decorador regional José de Pinho, com várias outras obras nas proximidades. O eclodir da Grande Guerra levou à interrupção dos trabalhos, recomeçados anos mais tarde, mas certamente com menos recursos do que os iniciais e já numa outra conjuntura (Processo de Classificação, IPPAR/DRC).
O seu nome vem do facto deste senhor ter desempenhado funções administrativas em Cabo Verde, nomeadamente na Parceria Marítima Africana. Na envolvente deparamos com um jardim luxuriante e uma fachada onde as janelas e o alpendre são envolvidos por elementos vegetais e personagens de pedra que nos espiam e nos acolhem. O terreno em torno da casa é protegido por um muro, de cantaria e grades também Arte Nova, conferindo uma grande unidade ao projeto.
Situada em Ílhavo, esta habitação unifamiliar impõe-se pela sua volumetria pouco uniforme, pela organicidade de alguns dos vãos, e pelo notável conjunto de cantarias trabalhadas que exibe, a par de azulejos de diversas tonalidades e motivos.
Vila Vieira
Av. 25 de Abril
Tel.: 234 321 725
Fax: 234 321 727
GPS: 40º36’6.9192’’ | -8º40’4.9476’’
O edifício Vila Vieira, constituído na década de 30, terá servido de habitação a João Fernandes Vieira, figura bem identificada na sociedade local e vereador por alguns anos na Câmara Municipal de Ílhavo, mas também, por longos espaços de tempo radicado na América do Sul.
O edifício enquadra-se numa linguagem arquitetónica eclética de finais do Século XIX e inícios do Século XX. Trata-se pois de um edifício onde se mescla a arquitetura tipo colonial, a arquitetura popular portuguesa, tipo portuguesa suave, e alguns referentes decorativos de Arte Nova.
Da volumetria principal do edifício salientam-se dois torreões, fronteiros, correspondentes a dois espaços que complementam a exiguidade espacial de águas furtadas, adoçados por platibandas e decorados. Este piso superior resulta num jogo formal que enobrece a fachada principal, pois os elementos compositivos e decorativos das cimalhas e beirados, vão de janelas, azulejos e altos relevos, constituem imagem referencial do edifício. Naturalmente outros constituintes arquitetónicos nobilitam o edifício, nomeadamente a varanda corrida que guarnece os alçados Nordeste e Sudoeste, constituída por balaustrada e colunata. Acede-se a esta varanda alpendrada por duas escadas que utilizam igual balaustrada. O escadatório principal, não configurando igual escala e exuberância, denuncia reminiscências barrocas, conferindo maior dignidade ao edifício.
Pela nobreza do edifício, pela referência a uma arquitetura tradicional, e pela sua localização central na Cidade de Ílhavo, a Câmara Municipal de Ílhavo procedeu à aquisição e recuperação da Vila Vieira, inaugurando em julho de 2005 este espaço como sede da Junta de Freguesia de S. Salvador.
Casa dos Cestos
Rua do Cabecinho
3830 154 ÍLHAVO
GPS: 40º36’26.179’’ | -8º39’26.557’’
Apesar de não ser conhecida a data de construção, nem quem foi o seu projetista, sabemos que coincide, a nível temporal, com o período em que surge a arquitetura Arte Nova na região, pois possui características desse estilo. Tal é possível verificar-se nas arcaturas, sobretudo ao nível do res do chão e nos varandins, tanto pelos decorativos como pelas serrelharias, singelas e florais alternantes com branco e rosa.
O imóvel é constituído por dois corpos, articulados pelo alpendre da entrada principal, sustentado por colunas lisas; à esquerda, um mais elevado, quase semelhante a uma torre, e à direita, um mais baixo, retangular de grandes dimensões. No pequeno varandim da zona superior do corpo mais alto, repete-se o esquema de colunas lisas, singularmente, em número de três. Apresenta a guarda rematada por elementos decorativos em ferro forjado, idênticos aos do muro que envolve o jardim e da guarda da escadaria, que termina em onduladas volutas, e que rematam ainda o enorme balcão existente na mesma fachada. Sob este último, destaca-se um outro dos elementos mais reveladores do estilo Arte Nova, um enorme arco abatido, interrompido por uma coluna lisa.
Chamamos a atenção para o pormenor dos “cestinhos” de flores que fazem parte da decoração da torre da casa, os frisos de azulejos, os pormenores decorativos em estuque branco e a decoração das molduras das janelas.