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Filinto Elísio (Pseudónimo de Francisco Manuel do Nascimento)
Embora tivesse nascido em Lisboa, pode-se considerar ilhavense, pois os seus pais eram de Ílhavo, sendo filho de Manuel Simões, fragateiro e da peixeira Maria Manuela. O seu nome de batismo foi Francisco Manuel do Nascimento, nascido na freguesia de S. Julião em 23 de novembro de 1734 e falecido em Paris em 25 de novembro de 1819.
Fez os seus estudos graças à proteção de um indivíduo chamado João Manuel, mestre de fragatas reiais e depois patrão-mor da Ribeira das Naus e ordenou-se, sendo já "clérigo de missa", por ocasião do terramoto de 1755.
Foi professor de D. Leonor de Almeida, futura marquesa de Alorna e também da sua irmã D. Maria, à qual se afeiçoou com paixão platónica, a quem chamou Márcia e Dáfna em algumas das suas composições poéticas. A D. Leonor pôs o pseudónimo arcádico de Alcipe e dele recebeu o seu Filinto, que substituiu o de Niceno que até aí usara.
Em 1778, o Padre José Manuel de Leiva denunciou-o à Inquisição como pronunciador de afirmações heréticas. Procurado pelo Santo Ofício, fugiu pelas travessas da casa onde morava e refugiou-se na casa do comerciante francês Teomóteo Lecussan Verdier. Conseguiu transferir-se, disfarçado, para um navio sueco, no qual fugiu para França, desembarcando no Havre. Em breve se viu afligido pela situação financeira e por fim veio a sofrer grande miséria. Em 1843 foram os seus restos mortais transladados de Paris para Lisboa e em 1856 deu-se-lhe túmulo no cemitério do Alto de S. João.
As suas obras, de que se fizeram edições, uma em Paris, em 1817-1819, em 11 volumes, outra em Lisboa, 1836-1840, de 22 volumes, constam de composições originais em verso e numerosas traduzidas. Sobre Filinto Elísio escreveu Garrett "que nenhum poeta, desde Camões, havia feito tantos serviços à língua portuguesa".