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José Alberto Malaquias Ferreira
Nascido a 6 de janeiro de 1946, em S. Salvador, Município de Ílhavo, José Malaquias Ferreira concluiu a 4.ª Classe na antiga Escola Primária de Cimo de Vila, ingressando, posteriormente, na Escola Industrial e Comercial de Aveiro, onde completou, em 1964, o Curso de Serralheiro Mecânico e Complementar. Aí permaneceu, desta vez como Professor, para lecionar a disciplina de Trabalhos Manuais, optando no ano seguinte por seguir o Curso Elementar de Máquinas que concluiu na Escola Náutica de Lisboa, em 1969. Nesse mesmo ano embarcou na Marinha Mercante, onde desenvolveu a sua vida profissional, agregando ao seu currículo, em 1987, o Curso Complementar para Chefe de Máquinas na Escola Náutica de Paço de Arcos, reformando-se em 2001, aos 55 anos de idade.
Desde 1982 que este ilhavense se dedica a um artesanato muito raro e original , constituído por garrafas cujo interior é embelezado com miniaturas de barcos em madeira de balsa, antigos veleiros da pesca do bacalhau, entre outros, incluindo da Marinha Mercante.
Para José Malaquias fazer as miniaturas e colocá-las dentro das garrafas é uma questão de habilidade, sendo certo que foi o sogro, Samuel Corujo, que lhe transmitiu preciosas informações e importantes pormenores sobre como arrear completamente os mastros para que o barco, já concluído, possa entrar pelo gargalo da garrafa.
Esta é uma tradição herdada do sogro que José Malaquias pretende manter.
"O barco é completamente executado fora da garrafa, com ou sem velas. O segredo desta arte reside na existência de um sistema de linhas que atravessa os mastros por uns furos com menos de um milímetro de diâmetro, permitindo arrear os mastros e as velas de modo a que o barco tenha menos espessura que o diâmetro do gargalo da garrafa por onde vai entrar. Quando o barco já está lá dentro, é colado com uma massa de vidraceiro misturada com tinta azul, criando o efeito do mar, e só depois disso é que se puxam as linhas para içar os mastros, ficando o barco armado”. Este é um trabalho delicado que exige grande perícia porque as velas são feitas com mortalha de cigarro, papel que é muito sensível e frágil.
José Malaquias continua a enriquecer o seu espólio ao colocar miniaturas dos Palheiros da Costa Nova, do Farol da Barra e da antiga Capela da Costa Nova junto ao barco que não ostenta as velas, para dar a ideia de que se encontra atracado no Cais.
A par das garrafas, José Malaquias executa miniaturas de barcos, mas de maior porte, como moliceiros, salineiros, barcos da Arte Xávega, bateiras, veleiros, entre outros, bem como outras miniaturas de carros, comboios e aviões feitos igualmente em madeira.
Para além da sua presença em diversas Feiras de Artesanato, como a FARAV ou o Festival do Bacalhau, destaca-se a viagem a New Bedford, EUA, que este artesão fez em 2005 a convite da Câmara Municipal de Ílhavo, no âmbito das Comemorações do Dia de Portugal, divulgando assim os seus maravilhosos trabalhos, na esperança de que um dia alguém venha a perpetuar esta tão nobre arte, evocando a memória de um povo que nasceu, viveu e vive para o Mar.
Setembro 2010